terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Somos Quilombo Rio dos Macacos
Diversas Personalidades, Músicos, Poetas e ativistas dos movimentos da Bahia na luta pela permanencia do QUILOMBO RIO DOS MACACOS nas terras que sempre habitaram.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
O Oscar na periferia do mundo: era uma vez um Império que fazia cinema
Texto Original na Carta Maior
Hollywood padece da mesma anemia de poder que foi se apoderando do império americano. Embora não tenha deixado de impor densos valores culturais ao resto do mundo, o glamour de suas estrelas já não brilha como antes e seu modelo narrativo já não produz tanto impacto. Vítima de seu próprio êxito, Hollywood se esforça a cada ano em renovar as expectativas em um mundo no qual os relatos se tornaram mais dispersos e menos hegemônicos graças à proliferação das novas tecnologias da comunicação. "And the winner is… "a periferia do mundo, que tem ainda muito para dizer e não pode nem quer dizer do jeito hollywoodiano. O artigo é de Oscar Guisoni.
Oscar Guisoni - Especial para Carta Maior
Os prêmios da Academia de Hollywood foram
entregues pela primeira vez no dia 16 de maio de 1929. O contexto
político e social não pode ser mais significativo: faltam apenas alguns
meses para o grande Crack de outubro, os Estados Unidos vive montado na
maior bolha especulativa de sua história, a Europa se contorce no caos
sob os efeitos das crises políticas que afetam a maior parte de seus
países e, na periferia do mundo, poucos sabem ainda o que significa a
palavra Hollywood, embora muitos já tenham percebido na própria pele em
que consiste o novo poderio norte americano.
O prêmio de melhor filme coube a Wings, um melodrama de William Wellman sem nenhuma importância cinematográfica hoje em dia, mas cuja história se mostra reveladora do papel que jogou o cinema norte americano ao longo da maior parte do século XX. O filme conta a história de dois homens (Jack Powell e David Armstrong) confrontados pelo amor de uma mulher (Jobyna Ralston), até que estoura a Primeira Guerra Mundial e os sentimentos patrióticos se colocam acima das disputas amorosas. No final, todos terminam contentes e felizes, os homens compreendem que não existe mulher que valha mais que a amizade que se estabelece entre eles na frente de guerra e matar o inimigo é mais importante que qualquer ciúme doméstico.
Desde que sintetizou sua extraordinária maneira de narrar, no começo do século XX, baseada na síntese extrema dos relatos, a importância das imagens acima dos textos e na construção de heróis de fácil assimilação pública, o cinema americano cumpriu dois papéis de vital importância em nível político: enviou uma mensagem de unificação nacional à convulsionada América da época, construindo uma potente mitologia patriótica e estabeleceu um modelo ideal de relato impregnado de densos valores morais, que seria estabelecido como padrão de um modelo de contar as histórias na periferia do mundo. O novo império político e econômico havia encontrado no cinema um instrumento de poder soft de primeiríssima importância.
Ao glamour das novas estrelas, que começariam a brilhar com mais força a partir do cinema sonoro em 1930, se oporia, após1933, um relato muito mais tosco e menos soft: a delirante propaganda nazista instrumentalizada por Joseph Goebbels. Como Hollywood, Goebbels também pretendia criar heróis e exaltar os valores patrióticos. Mas não tinha em conta que os principais recursos artísticos alemães marcharam para o exílio e estavam pondo todo seu conhecimento cinematográfico à serviço dos Estados Unidos.
Iluminadores, atrizes, diretores, muitos dos grandes mestres do esplendor em preto e branco do cinema americano da convulsa década de 40 provêm da Alemanha e deixaram sua marca indelével na nova estética de Hollywood.
O relato americano se torna tão potente, sobretudo depois da vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, que não tarda em começar a ser assumido como o grande modelo por excelência, sendo copiado sem clemência pela incipiente indústria cinematográfica da periferia, sobretudo na América Latina. Para perceber esta influência bastaria realizar um simples exercício de mistura de imagens tomadas ao acaso dos filmes mais populares produzidos no continente durante esses 20 anos cruciais, especialmente pelas potentes cinematografias nacionais mexicanas e argentinas: a mesma iluminação, o mesmo uso da música, os mesmos temas amorosos, o mesmo modo de construir os heróis.
Hollywood impõe desta maneira uma poderosa narrativa própria que se reproduz internamente em cada país graças à numerosa trupe de imitadores que surgem em cada canto do mundo. Em 1956, como uma espécie de resposta indireta aos primeiros questionamentos europeus a esta narrativa invasiva – sobretudo franceses –, a Academia cria o Oscar ao Melhor Filme de língua não-inglesa. O prêmio havia começado a ser outorgado de fato em 1947, ao mesmo tempo em que os EUA estreavam como nova potência hegemônica mundial, mas não se afirmou até meados dos anos 50, quando ficou estabelecido como um prêmio a mais, como categoria permanente.
Durante as primeiras épocas o galardão foi utilizado para premiar o melhor do cinema europeu contemporâneo. Premiando De Sica, Fellini, Buñuel, Truffaut ou Bergman, Hollywood se permitia um toque de arte diferente do que surgia de sua própria colheita e tratava de driblar as críticas à sua narrativa mais ideológica. O chamado Terceiro Mundo, enquanto isso, não merecia sua atenção. Com a exceção de um ou outro filme japonês e de algum filme de diretor europeu produzido em países africanos, a periferia cinematográfica do mundo não obteve nenhum prêmio da Academia até 1985 quando o argentino Luis Puenzo ganhou o prêmio com "A história oficial", um duro relato sobre os desaparecidos durante a ditadura militar do general Videla. E teve que esperar até a primeira década do presente século para ver premiadas produções da África do Sul, Taiwan ou Bósnia-Herzegovina.
Na atualidade a Academia padece da mesma anemia de poder que pouco a pouco foi se apoderando do império americano. Embora não tenha deixado de impor densos valores culturais ao resto do mundo, o glamour de suas estrelas já não brilha como antes e seu modelo narrativo já não produz tanto impacto. Vítima de seu próprio êxito, Hollywood se esforça a cada ano em renovar as expectativas em um mundo no qual os relatos se tornaram mais dispersos e menos hegemônicos graças à proliferação das novas tecnologias da comunicação. And the winner is… a periferia do mundo, que tem ainda muito para dizer e não pode nem quer dizer do jeito hollywoodiano.
Tradução: Libório Junior
O prêmio de melhor filme coube a Wings, um melodrama de William Wellman sem nenhuma importância cinematográfica hoje em dia, mas cuja história se mostra reveladora do papel que jogou o cinema norte americano ao longo da maior parte do século XX. O filme conta a história de dois homens (Jack Powell e David Armstrong) confrontados pelo amor de uma mulher (Jobyna Ralston), até que estoura a Primeira Guerra Mundial e os sentimentos patrióticos se colocam acima das disputas amorosas. No final, todos terminam contentes e felizes, os homens compreendem que não existe mulher que valha mais que a amizade que se estabelece entre eles na frente de guerra e matar o inimigo é mais importante que qualquer ciúme doméstico.
Desde que sintetizou sua extraordinária maneira de narrar, no começo do século XX, baseada na síntese extrema dos relatos, a importância das imagens acima dos textos e na construção de heróis de fácil assimilação pública, o cinema americano cumpriu dois papéis de vital importância em nível político: enviou uma mensagem de unificação nacional à convulsionada América da época, construindo uma potente mitologia patriótica e estabeleceu um modelo ideal de relato impregnado de densos valores morais, que seria estabelecido como padrão de um modelo de contar as histórias na periferia do mundo. O novo império político e econômico havia encontrado no cinema um instrumento de poder soft de primeiríssima importância.
Ao glamour das novas estrelas, que começariam a brilhar com mais força a partir do cinema sonoro em 1930, se oporia, após1933, um relato muito mais tosco e menos soft: a delirante propaganda nazista instrumentalizada por Joseph Goebbels. Como Hollywood, Goebbels também pretendia criar heróis e exaltar os valores patrióticos. Mas não tinha em conta que os principais recursos artísticos alemães marcharam para o exílio e estavam pondo todo seu conhecimento cinematográfico à serviço dos Estados Unidos.
Iluminadores, atrizes, diretores, muitos dos grandes mestres do esplendor em preto e branco do cinema americano da convulsa década de 40 provêm da Alemanha e deixaram sua marca indelével na nova estética de Hollywood.
O relato americano se torna tão potente, sobretudo depois da vitória sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, que não tarda em começar a ser assumido como o grande modelo por excelência, sendo copiado sem clemência pela incipiente indústria cinematográfica da periferia, sobretudo na América Latina. Para perceber esta influência bastaria realizar um simples exercício de mistura de imagens tomadas ao acaso dos filmes mais populares produzidos no continente durante esses 20 anos cruciais, especialmente pelas potentes cinematografias nacionais mexicanas e argentinas: a mesma iluminação, o mesmo uso da música, os mesmos temas amorosos, o mesmo modo de construir os heróis.
Hollywood impõe desta maneira uma poderosa narrativa própria que se reproduz internamente em cada país graças à numerosa trupe de imitadores que surgem em cada canto do mundo. Em 1956, como uma espécie de resposta indireta aos primeiros questionamentos europeus a esta narrativa invasiva – sobretudo franceses –, a Academia cria o Oscar ao Melhor Filme de língua não-inglesa. O prêmio havia começado a ser outorgado de fato em 1947, ao mesmo tempo em que os EUA estreavam como nova potência hegemônica mundial, mas não se afirmou até meados dos anos 50, quando ficou estabelecido como um prêmio a mais, como categoria permanente.
Durante as primeiras épocas o galardão foi utilizado para premiar o melhor do cinema europeu contemporâneo. Premiando De Sica, Fellini, Buñuel, Truffaut ou Bergman, Hollywood se permitia um toque de arte diferente do que surgia de sua própria colheita e tratava de driblar as críticas à sua narrativa mais ideológica. O chamado Terceiro Mundo, enquanto isso, não merecia sua atenção. Com a exceção de um ou outro filme japonês e de algum filme de diretor europeu produzido em países africanos, a periferia cinematográfica do mundo não obteve nenhum prêmio da Academia até 1985 quando o argentino Luis Puenzo ganhou o prêmio com "A história oficial", um duro relato sobre os desaparecidos durante a ditadura militar do general Videla. E teve que esperar até a primeira década do presente século para ver premiadas produções da África do Sul, Taiwan ou Bósnia-Herzegovina.
Na atualidade a Academia padece da mesma anemia de poder que pouco a pouco foi se apoderando do império americano. Embora não tenha deixado de impor densos valores culturais ao resto do mundo, o glamour de suas estrelas já não brilha como antes e seu modelo narrativo já não produz tanto impacto. Vítima de seu próprio êxito, Hollywood se esforça a cada ano em renovar as expectativas em um mundo no qual os relatos se tornaram mais dispersos e menos hegemônicos graças à proliferação das novas tecnologias da comunicação. And the winner is… a periferia do mundo, que tem ainda muito para dizer e não pode nem quer dizer do jeito hollywoodiano.
Tradução: Libório Junior
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Podcast 15
Podcast falando sobre o projeto "Desobediência Civil" desenvolvido pelo selo Faixa de Gazah.
Bloco I
Antizona - Buscando (Machintal Mix)
Calango Nego - Aonde eu possa caminhar
Eric Lau - Can you Feel it (feat Guilty Simpson e Fatima)
Bloco II
Pertnaz - Minha vida é um rap
Pai Lua - Não Corra - Prod Renan Samam
Opaninjé - A Cura (Remix) - Prod. Diego 157
Bloco III
Marcão Baixada e Lucas Carlos - A Selva
Adonai - Jogar para ganhar (Coala Mix)
MT e Jr Knisso - Eu Vou
Bloco IV
Pertnaz - Depoimento sobre o Desobediência Civil (Compacto Um) : Bouazizi
Fábio Emecê - Intro (Desobediência Civil) - Prod. Pertnaz
Fábio Emecê - Conflito - Prod. Pertnaz
Fábio Emecê - Gás Lacrimogêneo - Prod Petnaz
Fábio Emecê - Homem Vencedor - Prod Pertnaz
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
Uma postagem para o Carnaval
Carnaval e suas histórias. Clássicas ou nem tanto assim, algumas considerações estão sendo feitas, seja para detonar ou para exaltar. Eu como negro, fico pensando no nosso papel diante da festa de momo e para começar eu posto uma foto e um vídeo para se pensar um pouco:
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Desobediência Civil (Compacto Um) - Bouazizi
Iniciando a proposta de lançamento dos EPs que falam sobre Desobediência Civil, hoje se apresenta o "Desobediência Civil (Compacto Um) - Bouazizi. Bouazizi foi o homem tunisiano que queimou seu corpo em protesto ao embargo sofrido a sua barraca de hortaliças e que culminou as revoltas na Tunísia, Egito, Argélia, a chamada "Primavera Árabe".
Fábio Emecê vem com a proposta de mostrar os vários ângulos de uma manifestação e o confronto direto com a Tropa de Choque.
Encarar o "Confito" para não sofrer mais do "Gás lacrimogêno" e quem sabe ser um "Homem Vencedor".
Encarar o "Confito" para não sofrer mais do "Gás lacrimogêno" e quem sabe ser um "Homem Vencedor".
A Ep foi produzida em parceria com o Pertnaz no estúdio Esquema da Massa em João Pessoa - Paraíba - Brasil.
Baixem pelo link: Desobediência Civil - Compacto Um Bouazizi
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
A herdeira de Fela Pelo DJ Machintal!
Dj Machintal e sua mixtape da Nneka. Apreciem a herdeira de Fela
O rap segundo o professor Boaventura
Quem é o professor Boaventura? Acesse aqui: http://www.boaventuradesousasantos.pt/pages/pt/homepage.php
sábado, 4 de fevereiro de 2012
HIT ME WITH MUSIC (TRAILER)
"30 anos após a morte de Bob Marley a Jamaica continua a estar no topo da cena musical mundial. O reggaeevoluído produzindo um novo gênero: dancehall. Hit Me With Music é o primeiro documentário completo sobre a cena dancehall jamaicana, dando um tratamento igualitário tanto a dança e moda quanto a música. Através dos protagonistas deste documentário passamos a conhecer o dancehall e saber do que ele se trata. Um grupodiversificado de indivíduos - dançarinos, DJs, produtores, artistas, crianças em idade escolar e a juventude do gueto - falam do contexto no qual essas músicas nascem e o que esse fenômeno representa em suas vidas e nas vidas de muitos outros adeptos. O filme não se furta dos aspectos problemáticos da cultura dancehall e da vida noturna: letras violentas, a briga Gully-Gaza - rivalidade entre partidários dos artistas Vybz Kartel e Mavado -, otema controvertido do "daggering", a exploração das mulheres no Go-Go (clubes de dança) e as razões pelas quais mulheres clareiam sua pele. Todos esses temas são explorados neste documentário. O filme deixa essas questões em aberto, sem chegar a uma conclusão convidando assim para apreciação e discussão."
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