quarta-feira, 28 de março de 2012

Só o Hip Hop faz!!

Na Moral. Uma mulher árabe palestina tendo sua voz amplificada? Só o Hip Hop faz!!! É o rap! Como diz Frávio Santo Rua: Estamos Vivos porra!!!

segunda-feira, 26 de março de 2012

A CONSTRUÇÃO DA CONCEPÇÃO DE DOM NO DISCURSO DO RAP



Por Athur Moura

O pertencer a comunidade do rap é uma construção discursiva de poder. Os múltiplos espaços dentro da cena tornam-se mais acessíveis quando primeiramente se possui um dom. Este, por sua vez, vai determinar se um indivíduo está apto ou não a exercer, por exemplo, a função de ser um MC. 
A concepção de dom é fundamentada na predestinação do nascimento, um privilégio ou de algo inerente ao eu. Nascer com um dom direciona este eu pertencedor a uma carga de responsabilidade muito grande. 
 Responsabilidade esta que ativa o constante posicionamento discursivo do sujeito privilegiado. Foge-se muitas vezes das reflexões a cerca da construção do indivíduo e de tudo que o compõe como um permanente participante das trocas sociais. 
O indivíduo dotado de um dom ao se conciliar com os seus demais também pertencedores, fundam um segmento diferenciado por uma concepção construída a partir da necessidade de disputa no seu campo social que mais tarde será cristalizado como um lugar de não-disputa. 
Ele então passa a pertencer a um determinado segmento da comunidade do rap. Este segmento construído a partir do diferencial de possuir um dom garante-se acima na hierarquia sobre quem não possui. 
Não é difícil encontrar relatos de produtores, DJ´s ou MC´s enfatizando a necessidade de se haver uma clara distinção entre aquele que produz daquele que é MC ou DJ, ou ainda daquele que consome. Este argumento é legitimado pelo fato do rap precisar se profissionalizar. 
Sendo assim, torna-se necessário haver uma divisão social do trabalho para só assim inserir-se num mercado mais amplo. Ao ignorar que um dom pode se desenvolver a partir do simples contato com algo que desperte uma nova função, normatiza-se e constrói-se um forte caráter imutável das relações da própria cultura hip hop. 
A permanência, a meritocracia, a ideia de destino social, são concepções integrantes de um discurso que ao detectar níveis de desprestígio com a normalidade quebram a possibilidade de troca, evitando desnivelamentos.

domingo, 25 de março de 2012

ANTIÉTICOS - A Fala que Fere!

A Fala que Fere é uma reflexão sobre o nosso poder de reação contra tudo que entendemos que é prejudicial para a população negra, e ao mesmo tempo, toda essa nossa permanência nas omissões, nas bocas caladas e nos braços cruzados... A Fala que Fere é um vídeo resposta a toda imaginação racista! que poe a comunidade negra num local de subalternidade!!!

Prévia do Amanhã

O filme retrata a primeira parte da ocupação da REItoria da Universidade Federal Fluminense (UFF) promovido por um grupo de estudantes que através de um movimento autogestionário, exige uma série de questões, sobretudo o diálogo horizontal entre a UFF e o movimento burocrático.


sábado, 24 de março de 2012

Eugenia Cultural por Hilton Cobra.

A Cia dos Comuns inscreveu o projeto da quarta edição da mostra de teatro "OLONADÉ -- A cena negra brasileira" para concorrer no edital de ocupação do Teatro Glauce Rocha/2012, ligado à FUNARTE/MINC. Durante os quatro meses de ocupação o projeto OLONADÉ. A Comuns mais uma vez perdeu o edital e seu diretor Hilton Cobra faz um protesto.


quinta-feira, 22 de março de 2012

DA SUPRESSÃO DA DOR NO RAP

Por Arthur Moura 
Existindo como um discurso cético a cerca das multiplicidades da realidade, apesar de possuir uma estética que não se apresenta assim, o rap independente (ou underground) camufla-se com tinturas libertárias principalmente por vender uma ideia de produzir um contestamento social contundente e incisivo na sociedade. 
Mas o que ocorre é que dessa forma, inviabiliza-se a denúncia contra o opressor pelo fato de reproduzirem o discurso daqueles que os oprimem. Os modelos de ascensão, que é ativado quando se conquista determinado prestígio na cena, anunciam práticas que se afirmam através de ações coercitivas. 
Como, por exemplo, construir parâmetros ideológicos de conduta onde a veneração ao MC serve como ferramenta para este aplicar seus valores a fim de possuir o controle e afirmar seu projeto político. 
A forma como o eu-lírico se apresenta, de que forma desenvolve seu discurso e se afirma na sociedade são peças importantes para evitar certos hiatos em nossa compreensão. 
Por isso, devemos nos atentar para as consequências que o esvaziamento político, do qual o rap hoje sofre, vai acarretar para que estes continuem se afirmando como tal. 
Se práticas que reproduzem uma sociedade de consumo despossuída de desejos mutáveis e diversos são os parâmetros de uma cultura que se afirma libertária, temos que propor uma reavaliação convocando, inclusive, aqueles que se interessam por enriquecer o debate. 
Partimos do princípio de que a forma que antes portava a dor, a angústia e a potência de mudança que todo esse acúmulo proporciona, esta forma transmutou-se ao ponto de suprimir a dor pelo desejo de consumo. 
Consumo de ideias ideais, novidades, posturas, discurso, moral, conduta, controle, doutrina. A dor foi camuflada, esvaziada e sua aparente força recuou-se. O discurso agora opera na órbita do fascínio e do desejo. 
Da postura radical corporal e despotencializada na sua fala. A potência direcionou-se para a fabricação das sensações que contemplam o prazer e o gozo. 
A satisfação da construção do eu-lírico transmutou-se no norteador de sua postura política. Nesse contexto, o rap não disputa, mas apresenta-se como somador de forças dessa normalidade mais palatável que sentimos cotidianamente.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Phono 73 foi um festival de música realizado no Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo, de 11 a 13 de Maio de 1973. O evento foi promovido pela gravadora Phonogram, atual Universal, e contou com quase todo o seu elenco. O festival foi um evento de marketing da gravadora, que tentava desvencilhar-se, perante o governo, da pecha de reduto de comunistas. Entretanto, visto que o Brasil se encontrava nos anos mais pesados da ditadura militar, o evento acabou dotado de um forte viés político. Esse vídeo é um registro histórico do talento da maior geração de cantores e compositores do Brasil. Impossível não se emocionar com as cenas e músicas aqui executadas. Chico Buarque,Caetano Veloso,Maria Bethânia, Gal Costa,Jorge Ben,Raul Seixas,Toquinho e Vinícius,Elis Regina etc...Todos no auge de suas carreiras,"na ponta dos cascos". 


DISPUTAS E TECNOLOGIAS NO RAP

Por Arthur Moura

O mercado ao mesmo tempo em que aumenta a velocidade das mudanças tecnológicas também barateia o custo para quem deseja adquirir equipamentos que a indústria e o comércio consideram defasados. 
Na verdade, grande parte dos artistas cariocas e paulistas gravaram suas primeiras experiências sonoras com equipamentos caseiros, baratos e que, conhecendo as possíveis limitações técnicas do seu produto, articularam formas para driblar essa aparente desvantagem que estavam inicialmente transformando a escassez em linguagem atraente. 
A ressignificação do processo de produção baseado em equipamentos precários fora uma importante saída que permitiu que diversos artistas obtivessem êxito em suas primeiras experiências sonoras. Não que hoje, dez, vinte anos após esse boom tecnológico, as coisas estejam caminhando para mudanças tão radicais. 
Mas os equipamentos de outrora já caíram em desuso pela desnecessidade de se investir numa linguagem tosca. Ou seja, o que antes funcionou como alavanca de ideais hoje encontra-se em desuso pela construção de um novo ideal. Esse processo inicial faz parte da memória dos rappers de quinze anos atrás que usam da escassez para legitimar suas conquistas de hoje e se vangloriar pelo patamar que se encontram. 
A escassez de ontem contribuiu então para o acúmulo de capital simbólico para os que ainda se mantém no cenário hip hop. Ainda que o processo de inserção dos grupos de rap tenham caminhado pelo terreno da escassez, hoje estes mesmos grupos não favorecem mais quem arrisca começar da mesma forma. 
Ou seja, aqueles que outrora negavam boa parte das intempéries tecnológicas regidas por um mercado capitalista global, ao se fazer valer de alguma forma no mercado, readaptam o seu discurso agora com acesso aos meios de produção menos modestos para evitar o choque com os interesses dos que hoje pretendem angariar público. 
Dessa forma o discurso do capital vem ajudar no processo de exclusão de possibilidades mercadológicas. O estranho não é mais bem vindo. A experimentação tampouco. As linguagens tornam-se rígidas, e a tecnologia por não estar contemplando à todos torna-se uma aliada dos que tendem a fechar as possibilidades de novos grupos que desejam se inserir na cena. Esse mecanismo não é algo pronto, finalizado. 
Ele é sacralizado em confluência com o espetáculo. É com o estancamento das liberdades intelectuais que nasce boa parte das possibilidades de sucesso do “um só caminho”, “A Rua é Noiz” e “Vida Loka”, por exemplo. A ferramenta que congrega as principais seguranças da ideologia é a sacralização. 
O discurso, por sua vez, torna-se um equipamento da manutenção da sacralidade. Assim, fica mais fácil, por exemplo, espetacularizar a sacralidade.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Conhece a primeira rapper gay brasileira?

A rapper Mademoiselle natural de Goiânia é a primeira Rapper gay brasileira a estar na cena do movimento hip hop.Sua paixão pelas rimas começaram através de clássicas rappers ouvidas por ela como: Visão de rua, Negga Gizza, Negra Lee, Mc Rúbia, Rah Digga, Remy Ma Lil’ kim, Eve, Trina & Nicki Minaj.
Mademoiselle vê o mercado do hip hop e a cena do movimento brasileiro dispostos a apoiar um rapper homosexual assumido no movimento como satisfatória, mas diz faltar mais disposição entre os rappers heterossexuais em cena para futuras parcerias e featurings em suas musicas:
“- o movimento ainda carrega o machismo e os rappers ainda são sim muito machistas.; acho lastimável.!” Diz ela.
“- se para as mulheres em cena no movimento já era difícil serem ouvidas pra mim é apenas uma etapa a ser vencida!”.
Mademoiselle compõe suas próprias rimas e diz ter uma facilidade e disposição melhor para compor os versos que são denominados dentro do movimento por diss tracks (faixas de confronto e ataque ) contra outros rappers.
Sua primeira mixtape entitulada de Madame do povo promete aquecer a cena do movimento Goiano de rap previsto para esse ano de 2012.
“- meu som é pra todas as manas, mulheres guerreiras e batalhadoras, gays, lésbicas ou qualquer pessoa que já sentiu desconforto, desprezo ou humilhação com qualquer preconceito seja de teor racial ou sexual imposto pela sociedade. “
“- falamos também de estabilidade amorosa nas letras, independência pessoal e luta diária na cena do rap que ainda é bastante fechada para o que pretendo alcançar. União no movimento. “
Madame diz que as faixas musicais suas de diss são competitivas mas não passam de marketing e entretenimento para sua carreira.
Mademoiselle tem no orkut e facebook uma comunidade denominada VGMA (vingadoras, gangsters, mafiosas, assassinas) destinada a reunir compositores, admiradores, simpatizantes, rappers e atuantes nas áreas do movimento hip hop do sexo feminino, homosexual, bisexual e transexual.
“na VGMA fazem parte também todos que lutam contra o preconceito racial e sexual, contra abuso do trabalho e prostituição infantil, contra o sistema, a exploração sexual feminina e a violência doméstica e expressam em seus versos e rimas a indignação sobre tais imundos atos.”

sábado, 17 de março de 2012

Marcelo Wiza - Nada está Perdido (EP)

Uma das referências da Região dos Lagos quando se fala da Cultura Hip Hop está lançando seu Ep intitulado "Nada está Perdido". Diretamente de Rio das Ostras - RJ, Marcelo Wiza é um daqueles caras que sempre fez um rap sincero e com a sua identidade impressa, sem egos ou massagens. Ouçam ae! 


segunda-feira, 12 de março de 2012

Curta O Gênero 2012_

Dentro de um movimento social percebe-se a movimentação de mulheres que se autodenominam guerreiras. Assim, as mulheres da ocupação urbana Comuna 17 de abril, localizada em Fortaleza - Ce, descrevem as atividades que desenvolvem e quebram o padrão "trabalho de homem X trabalho de mulher". O Curta O Gênero 2012 vem aí com a proposta de ser um espaço de discussão e reinvenção das relações de gênero. Se você tem um vídeo curta metragem sobre essa temática inscreva na mostra. As inscrições podem ser feitas até o dia 10 de fevereiro no site: curtaogenero.org.br Além da mostra de vídeos,a programação do evento conta com mesas de discussão, oficina e mini-cursos com pesquisadores e movimentos sociais. Confira a programação completa no site: http://www.curtaogenero.org.br Produção, câmera e som: Daiana Gomes, Roger Garcia, Kerliane Cavalcante, Ricardo Cavalcante, Josué Aquino e Cristina Martins Edição: Regys Lima Trilha Sonora: Tryad - This Realização: Cacto, Fábrica de Imagens, Núcleo de Comunicação e Cultura Digital, Núcleo de Audiovisual, Fotografia e Música e Dedo-de-Moça Produtora

quarta-feira, 7 de março de 2012

Cabo Frio – Tranquilidade Desnecessária Parte II



Estou de volta com a proposta de tentar analisar a cidade diante do meu particular prisma e aproveitando o mote da volta das discussões sobre a aplicabilidade dos editais nas redes sociais, o texto exposto será sobre Cultura.

Antes de mais nada, o meu pensamento sobre a questão de Editais se resume no seguinte fato: Sem um plano articulado, qualquer edital que se pode oferecer fica falho, pois os projetos escolhidos podem passar por crivos subjetivos, aí, salve-se quem puder, mas o que eu quero pontuar é outra questão.

Toda discussão com relação a edital foi puxado pelo atual secretário de Cultura, usando – se o mote da inserção de Cabo Frio no Sistema Nacional de Cultura. O que é o Sistema Nacional de Cultura, hein?

“Constitui a estrutura do SNC, nas respectivas esferas de governo, órgãos gestores da cultura, conselhos de política cultural, conferências de cultura, sistemas de financiamento, em especial, fundos de fomento à cultura, planos de cultura, sistemas setoriais de cultura, comissões intergestores, sistemas de informações e indicadores culturais e programas de formação na área da cultura.”

Pois bem, a partir do mote, foi dado relevância ao Conselho Municipal de Cultura e houve uma certa pressão para a aprovação da Lei dos Editais e a Lei que estabelece o Fundo Municipal de Cultura. Além disso foi aprovodo uma dotação orçamentária de um valor aproximado de 390 mil reais para se fazer a Lei dos Editais acontecer.

Vamos por partes. Analisem o seguinte artigo da Lei do Fundo Municipal de Cultura:

Art. 6º Constituirão receitas do Fundo Municipal de Cultura - FMC:

I - recursos provenientes de transferências do Fundo Nacional e Estadual de Cultura; II - dotações orçamentárias do Município e recursos adicionais que a lei estabelecer no transcorrer de cada exercício; III - doações, auxílios, contribuições, subvenções, legados e transferências de entidades nacionais e internacionais, organizações governamentais e não governamentais; IV - rendas eventuais, inclusive as decorrentes de depósitos e aplicações financeiras, bem como da venda de materiais, de publicações e da realização de eventos; V - recursos de convênios, acordos e contratos firmados entre o Município e instituições privadas e públicas, nacionais e internacionais, federais, estaduais e municipais; VI - doações em espécies feitas diretamente ao Fundo; VII - produto de aplicações financeiras de recursos disponíveis, respeitada a legislação em vigor;VIII - saldos apurados no exercício anterior; IX - outras receitas que venham a ser legalmente constituídas.

Agora analisem estes artigos:

Art. 8º Os recursos do Fundo Municipal de Cultura - FMC serão aplicados em programas, projetos e ações que visem à preservação e difusão do patrimônio artístico, histórico e cultural, bem como fomentar e estimular a produção artísticocultural no Município de Cabo Frio, e deverão se enquadrar entre as seguintes áreas:
I - produção e realização de projetos de música e dança; II - produção teatral e circense;
III - produção e exposição de fotografia, cinema e vídeo; IV - criação literária e publicação de livros, revistas e catálogos de arte; V - produção e exposição de artes plásticas, artes gráficas e coleções; VI - produção e apresentação de espetáculos folclóricos e exposição de artesanato; VII - preservação e difusão do patrimônio artístico, histórico e cultural; VIII - cursos, levantamentos, estudos e pesquisa na área cultural e artística; IX - concessão de prêmios a criadores, autores, artistas e técnicos em concursos e festivais realizados no Município; X - concessão de subvenção social a entidades não-governamentais para os fins de organização e realização de eventos carnavalescos.

Art. 9° Nenhuma despesa será realizada sem a necessária cobertura de recursos.
Parágrafo único. Para os casos de insuficiência ou inexistência de recursos poderão ser utilizados os créditos adicionais, autorizados por lei e abertos por decreto do Executivo.

Tudo muito bom, tudo muito bem. Temos uma lei bonitinha e até mesmo interessante, mas esses recursos fedarais e estatudais entrarem na conta do município, teria que se assinar o acordo do Sistema Nacional de Cultura. Cabo Frio assinou? Não. Duvida? Pesquisa aí: http://blogs.cultura.gov.br/snc/

Seria a aprovação do fundo uma desculpa para se manipular determinadas quantias direcionadas a cultura sem um lastro fiscalizador? Bom, uma das competências do Fundo “seria acompanhar e avaliar a realização das ações previstas no Plano Municipal de Cultura”. Temos um plano?

Usei a breve análise da Lei do Fundo para questionar uma aprovação de um recurso para aplicação de uma Lei, no caso a Lei dos Editais e ao final do ano se diz que o recurso não pode ser usado devido ao ano eleitoral.

Ora, a primeira questão é que foi liberada uma subvenção de 1 milhão e meio de reais ao carnaval e outra coisa. Preste atenção no que não pode ser feito no ano eleitoral:

Contratar créditos por meio de Antecipação de Receita Orçamentária (ARO). A vedação abrange o último ano de mandato. Contrair despesas que não possam ser quitadas no mesmo ano em que ocorrer a eleição. O compromisso só poderá ser transferido para o ano seguinte caso haja disponibilidade de caixa.  Aumentar despesas, tanto no Executivo quanto no Legislativo, com pessoal, seis meses antes do final do mandato e da legislatura.

Se fosses acharem que a verba para a cultura esse ano atende os requisitos expostos, podem chorar, caso contrário, pensem sobre o que será feito com essa grana...

terça-feira, 6 de março de 2012

A comunidade quilombola de Rio dos Macacos divulga Carta ao povo brasileiro


QUILOMBO RIO DOS MACACOS - Ao povo brasileiro

A comunidade quilombola de Rio dos Macacos, na Bahia, divulga Carta ao povo brasileiro, pedindo apoio para se manterem em seu território tradicional. Situada próximo a um condomínio da Marinha brasileira, a comunidade está sendo ameaçada de despejo pela força armada. Várias famílias vivem no local há mais de 100 anos. Confira documento divulgado e assinado pelo Movimento Negro Unificado e pela Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas.

Mais uma vez em nosso país, assistimos ao descumprimento dos direitos das comunidades quilombolas! O quilombo do Rio dos Macacos, na Bahia, tem data de desocupação marcada: 04/03/2012. Trata-se de pessoas que estão vivendo nestas terras há mais de cem anos, resistindo a diversas dificuldades impostas pela Marinha Brasileira. A Constituição garante, no artigo 68 das disposições transitórias, a demarcação, titulação e posse das terras ocupadas por remanescentes quilombolas, possibilitando a continuidade destas comunidades, que devem ser consideradas como a prova maior do símbolo de luta contra a escravidão, no passado, e o racismo, no presente. A Marinha do Brasil mais uma vez mostra que é uma instituição contrária aos negros, vide os exemplos da Revolta da Chibata, dentre outros. A desocupação do Quilombo de Rio dos Macacos, na Bahia, é um desrespeito aos tratados internacionais assinados pelo Brasil, a exemplo da 3ª Conferência Mundial contra o Racismo, ocorrida em Durban, na África do Sul, em 2001 a Convenção 169 da OIT, Guardadas as devidas diferenças, mais uma vez o crime cometido contra a comunidade do Pinheirinho vai se repetir. Nós, Quilombolas, Negros(as), militantes contra o racismo de todas as etnias organizados através da Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas - nos posicionamos contra essa arbitrariedade, e chamamos a sociedade em geral , a todas as organizações do Movimento Social e Social Negro para protestar contra esse flagrante desrespeito aos quilombolas e ao povo brasileiro. Lembramos que a presidente Dilma não pode permitir que esta ação ocorra embaixo dos seus olhos, em local próximo ao escolhido por ela e outros Presidentes para passar suas férias. Não permitiremos que esta desocupação ocorra. Somos todos quilombolas, somos todos Quilombo do Rio dos Macacos!

Movimento Negro Unificado – GT de Lutas, Autônomo e Independente
Frente Nacional em Defesa dos Territórios Quilombolas.

Entenda o caso:

Há mais de 100 anos, famílias quilombolas vivem na região do Rio dos Macacos. Elas são alvo constante de ameaças por parte da Marinha do Brasil, que possui um condomínio na área e querem expandi-lo, expulsando os quilombolas de lá. A Marinha já promoveu perseguições, destruição de casas no Quilombo, e impede a entrada e saída de pessoas no local. Até mesmo agentes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), responsável pela titulação de áreas quilombolas, foram impedido de entrar no Rio dos Macacos.

Em 2009 a comunidade recebeu uma ordem de despejo, entretanto, com o reconhecimento da área quilombola, o prazo se estendeu até o dia 04/03/2012. No último 27 de fevereiro houve uma reunião para que a ordem de despejo fosse revogada por cinco meses, até a conclusão do relatório do Incra, porém não há certeza de que esse acordo será cumprido.

Afro-beat

Disseram que no céu não se toca Harpa, se toca isso ae ó:


domingo, 4 de março de 2012

Situação atual do Quilombo Rio dos Macados - Repassem!

Neste momento Marinha Brasileira descumpri acordo e quer expulsar moradores do Quilombo do Macaco.

RIO DOS MACACOS RESISTE, MAS ESTAMOS TEMENDO A VIOLÊNCIA DE SEMPRE DA MARINHA DO BRASIL...

Marcada para a hoje, 04.03.2012, e suspensa por ação da Presidência da Republica (Secretaria Geral, SEPPIR e FCP), a tomada do Território do Quilombo Rio dos Macacos, ainda não foi assimilada pela Marinha do Brasil, que mesmo diante da suspensão insistir em tencionar e atentar contra os direitos da comunidade. A Marinha do Brasil não pode realizar esta ação hoje mas neste momento a comunidade está vivendo uma grande tensão, pois já tem mais de 03 caminhões de fuzileiros dentro da Comunidade, cada um com cerca de 80 homens, do lado de fora tem os militares da Bahia (que não podem entrar por se tratar de área federal) e 01 trator posicionado no portão da Vila Naval, área tomada da comunidade há 42 anos pela Marinha do Brasil. A Polícia Federal é a única instituição que pode cumprir a decisão desastrosa da 10ª Vara Federal na Bahia, mas está não irá em Rio dos Macacos, pois não pode agir acima das Leis. Qualificamos de desastrosa a decisão, porque a Comunidade de Rio dos Macacos não foi ouvida em qualquer fase do processo, estando a justiça agindo em um único pólo.

A Marinha do Brasil, não pode tomar o Território de Rio dos Macacos, porque ela como instituição Brasileira não está acima das demais instituições nacionais, vivemos sob a vigência do estado democrático e as instituições estão em funcionamento. Agindo com um modus operandi irreconhecível por instituições marcadas  pela hierarquia e disciplina, ontem a noite (03.03.12) um senhor da comunidade sofreu um atentado contra sua vida, quando quase foi morto com um tiro em sua direção, dado por um membro da corporação, identificado pela comunidade. O caso foi registrado em uma delegacia da região. 

O Artigo 68 da Constituição de 1988 e o Decreto 4887/2003, garantem os direitos da ocupação secular da Comunidade. Rio dos Macacos está naquele Território há mais de 238 anos e não pode ser derrotado, por um crime de uma instituição que, ao contrario, deve garantir e fazer valer as Leis do país, por isso precisamos das/dos jornalistas agora em Rio dos Macacos. Todo o mundo precisa saber, para impedir uma tragédia hoje em Salvador, aos nossos olhos.

Mandem essa nota para todas as pessoas possíveis, para todas as redes, não podemos ficar em silêncio diante da possibilidade de uma barbárie, O Brasil e o mundo precisam saber!

Nossa luta é todo dia!!!
Vilma Reis
Presidente do CDCN - Bahia
Profa. Sociologia - Departamento de Ciências Humanas e Tecnologias
Campus XXIII, UNEB - Seabra
Coordenação Colegiada do Programa CEAFRO
CEAO: Centro de Estudos Afro-Orientais - FFCH/UFBA
Praça Inocêncio Galvão, 42, Largo 02 de Julho
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sábado, 3 de março de 2012

Cabo Frio – Tranquilidade Desnecessária... Parte I

Por Fábio Emecê

Os caminhos solitários pela madrugada cabofriense sempre me encucaram no sentido de se supostamente a cidade estar sendo planejada para se manter uma paz e ordem. Bares fechados, ruas vazias, nenhum barulho. Seria a cidade essa que se enxerga na madrugada, a cidade que gostaríamos?

Um amigo me indagou sobre uma crítica sobre o carnaval de Cabo Frio e a possível perda de identidade e pediu para eu poupar o Parókia. Pois bem, por mais que o Parókia possa representar um reduto identitário carnavelesco, como chegamos ao ponto de regularmos a nossa rotina através do tradicional e do insólito?

O queria seria insólito na atual construção identitária cabofriense: Um modelo de festa baseado em abadás? Uma quantidade de dinheiro disponibilizada para um segmento e ao final do dito espetáculo, se comprovar um escandalo devido a fraude? Aprovações de leis e decretos a toque de caixa e cumprimentos de acordo com os interesses de determinados atores? Discursos falsos para se aprovar algo que na prática será impossível de se aplicar devido a inadimplência?

Que tal o atual coquetel sensação dos jovens: vodka com refrigerante? E o tradicional? Seria um bloco carnavelesco com músicos locais tocando marchinhas e sambas? Seria discussões políticas nos cafés? Silêncio? Edição de livros de artistas renomados? Ruas das madrugadas vazias? Não se vender para as famílias oligárquicas?

Bom, o meu texto aparentemente confuso demonstra uma coisa básica: Entre o tradicional e o insólito, existe uma Cabo Frio que anda se deteriorando em virtude de um projeto de cidade em que  as pessoas não estão muito cientes. Cabo Frio anda se modificando em função de algumas pessoas que pensaram projetar a cidade rumo ao futuro, só esqueceram de desviar do abismo.

Minha visão fatalista está carregada com a solidão das caminhadas e por mais que não tenha deixado nítido que abismo seria esse ou até mesmo que projeto seria esse, o artigo é só o começo de uma série de reflexões sobre a cidade em que nasci e que ainda moro.

Vou continuar escrevendo caso seja necessário. Eu ando com essa necessidade e bastante intranquilo atualmente...

sexta-feira, 2 de março de 2012