quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Afrobrasilidades em 78 rpm

Com direção musical de Letieres Leite, o disco Goma-Laca:Afrobrasilidades em 78 rpm (2014) apresenta releituras de temas afrobrasileiros gravados entre 1920 e 1950 em discos de 78 rotações.


domingo, 13 de julho de 2014

terça-feira, 10 de junho de 2014

Finale Coupe du Monde de Slam Poesie 2014 - Brésil

França ou Eu:o menino a puta e o travesti
(Emerson Alcalde)
Vocês renasceram e nos descobriram
Nos pegaram sem roupa não falávamos o seu idioma
Tomaram para si nossos tesouros...
Natureza, mulheres, ouros
Envelheceram e apodreceram cultura e economicamente
E o que irão fazer? Voltar a explorar o novo mundo?
Mas vocês levaram quase tudo
Diferente do passado
Estamos vestidos iguais a vocês
Falamos o seu inglês, francês.
Lemos os seus livros e dizemos:
Teu Joyce não é melhor que nosso Guimaraes
Vou falar com toda franqueza
Me desculpe a tua revolução foi burguesa
Mas neste lugar apesar dos pesares
ainda tem glamour e elegância
Faz com que muito de nós sonhe
E que fique cego de ganancia
Assim como as companhias de comedia dell’arte italiana
O sonho era chegar em Paris
O sonho de todo menino de pés descalço
é jogar no Barça, Real, Milan, PSG, Chelsea
Ele não estuda se dedica apenas ao futebol
Mas da peneira, que é pouco diferente do tráfico negreiro,
Mas da peneira, que é pouco diferente do tráfico negreiro,
só saem alguns, dentre os milhões
que voltarão a andar com os grilhões
Iludida com renda fácil
O trabalho era dá. De primeira incitei. Chorei. Mas depois dei
Estou presa num hotel dancei pensei em regressar mas fiquei
O sonho de todo travesti é entrar ilegal no teu país pra se prostituir
Estar na pior lá? Prefiro ta bem, merci.
Hoje eu sou o menino, sou a puta, sou o travesti
Aceitei o seu jogo estou aqui
As pernas abertas dentro das suas regras querendo competir
Mais um macaco que veio pra te distrair
No teu estádio, no teu teatro na tua boate
Me deram apenas a bola então tive que roubar a caneta
Rasguei a bola e passei a treinar com a escopeta
Não foi você que explorou não fui eu que sofri
Eu sei, mas eu e
Todos os Latino-americanos pagamos
E você não. Então fecha o bico. Já acabou “A Hora do Show!”
Pediram tanto capital emprestado e não pensaram
Depois tantos pensadores até Antes de Cristo
e Hoje em crise
Pega este troféu
simbolizando as igrejas, os castelos DEVOLVA-NOS
Aquela mesma matéria que de nossas terras foi tirada por escravo
Escravo que hoje faz seus tênis
Que esta retorne à Minas mesmo que Minas não exista mais.
Este troféu será colocado na prateleira do boteco da periferia
ao lado dos times de várzeas
Pois é assim que entendemos o slam.
A poesia oral redigida com sangue
Resignificou o seu aristocrático sarau
E voltou pras ruas pras rodas, fogueiras ao ritual
E se quiser a literatura viva de volta para aí
Terá que vir batalhar aqui
com os espíritos herdeiros
Dos Bantos, dos Incas, dos Maias e dos Guaranis
Praticarei o suicídio se for preciso
mais isso vocês não roubam mais de mim



segunda-feira, 9 de junho de 2014

Antiéticos - Mixtape# "O conteúdo"



Questionar por quais caminhos uma expressão artística trafega sempre foi uma constante da arte. Antiéticos vem tentando mostrar a apropriação da palavra no rap por determinado grupo social que usa símbolos e condicionantes para dizer que estão fazendo algo diferenciado. Será mesmo? O Antiéticos tem uma resposta, saca só!!!



sexta-feira, 25 de abril de 2014

Sobre a Lupita




Bem, antes de mais nada, não sou adepto a concursos de beleza ou show de talentos. São duas questões cujo critérios são tão arbitrários quanto qualquer Ditadura, pois se elenca um poder supremo pra um grupo de pessoas que tem n motivações pra decidir quem é quem e porque merece aquilo. Enfim, por si só é perigoso.


E o que me levou a comentar sobre a eleição da Lupita Nyong`o pela revista People como a mulher mais bonita do Mundo. Antes de mais nada, a Lupita é sim, linda. O que me motivou mesmo é um argumento de que seria tiro no pé elege-la a tal por diferenciar os pretos, já que existem várias iguais a ela na África, logo a People estaria sendo racista (Hein?) e que se teria negras bem mais bonitas do que ela.


Avaliando os critérios da People: A Lupita ganhou um Oscar, o Filme 12 anos de escravidão ganhou um Oscar, logo ela foi devidamente evidenciada em todo o mundo ocidental pelo menos e sendo a People uma revista que evidencia pessoas (personalidades) e ela tendo todo o destaque de que o mundo ocidental defende, logicamente uma eleição dessa e ela ficar em primeira não seria muita surpresa.


Agora porque a People estaria sendo racista por dar um título de beleza a uma negra? Mulheres pretas com traços africanos não podem ter tal destaque? Quer dizer que toda vez que um preto ou preta que seja eleita de maneira a evidenciar características de que não são tão evidenciadas no mundo ocidental seria um racismo porque na verdade quem se propôs a elencar tal fato estaria com pena e quer corrigir algo que para ser corrigido, basta não se falar.


Certo, aquela velha lógica de que a culpa é nossa porque nos auto-afirmamos e quem afirma que nós nos auto-afirmamos é tão culpado quanto nós que fazemos o barulho tão desnecessário. Afinal, Morgan Freeman nos ensinou: Para acabar com o racismo, basta não falar nele. Lógico que ninguém assistiu a uma hora de entrevista do Morgan, só pegou os 30 segundos tão bem recortados por alguém que acredita que os pretos e pretas não precisam de se afirmar.


A People se pautou em um critério objetivo e pasmem, a Lupita Nyong preencheu todos esses critérios. Linda, destaque artístico, presença midiática constante. E se tem outras pretas mais bonitas, não duvido que tenha, mas quem tá em destaque é a Lupita. E se existem várias africanas parecidas com ela? Existem também brasileiras, venezuelanas, equatorianas, colombinas, caribenhas, estadunidenses, europeias, indianas e por aí vai – africanas em outro território. E a Lupita representa todas elas.


Palmas pra People!


quarta-feira, 23 de abril de 2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Estilo Mangabeira ( O sol nasce para todos)





A percepção da arte dentro de um território passa pela identidade e capacidade da mesma de traduzi-la de maneira única e verdadeira, trazendo a emoção e a libertação necessária para quem absorve aquilo que é proposto.

Pertnaz é um desses artistas que reconhece a sua casa e tira do que há de melhor dela, sem medo de arriscar. Concentra perspicácia, talento, gana e vontade de sair do lugar comum. 

Quando evoca “Rap Original da Paraíba” é um chamado as gerações que fazem o rap acontecer a se assumirem como portadores de um legado que foi construído, vide Cassiano Pedrame outros para aquilo que tá sendo feito atualmente e que se merece registro.

Estive por lá (João Pessoa - PB) do dia 05 a 08 de abril e olhando de perto a cena, pude constatar o quanto rico é o Hip Hop Paraibano e sua riqueza periférica. Assistir um mc de um quilombo que é formatado dentro de uma favela, Jorge de la Grota, é entender que o movimento Hip Hop antes de qualquer tentativa de apropriação, é a voz de quem não tem voz.

Ver b.boys nos sinais de trânsito, grafites pulando nos muros e o estúdio do Pertnaz com a movimentação de artistas gravando seus trabalhos, como um grupo que gravou e o pagou juntando moedas variadas me emociona.

Muito importante para mim, um sonhador e um insistente na cultura de rua estar vendo isso e estar me apresentando para essas pessoas.

Agradeço profundamente a oportunidade e vamo que vamo!!!!

domingo, 30 de março de 2014

Projeto Nave e CERSV

Um das coisas mais legais que aconteceu no Hip Hop nos últimos tempos. Várias gerações! Dialogismo em cena. Precisamos dialogar mais e nos fortalecer, seja de qual forma for!! 




sábado, 29 de março de 2014

Talib Kweli questiona a misoginia no Rap

No novo vídeo de sua música "State Of Grace feat Abby Dobson, Talib Kweli aborda questões sobre o que se sente por uma mulher que ama o hip-hop e / ou cresceu ouvindo hip-hop. 

Músicas de sucesso que chamam as mulheres de putas e vadias e o contraponto disso!



sábado, 15 de março de 2014

Potencial 3 de volta? Que bom!!!!!

Um grupo de rap desses de volta é digno de registro. Po, meu sonho é tocar em um festival de rap em que esses caras estivessem na programação. 





Posição (Prod. Q.G do Horizonte) - Frávio SantoRua #Antiéticos

Posicionamento diante do caos e da apropriação
Entendimento que o nosso é além de migalha de pão
Tá querendo enfrentar, não vai regatinhar
tá no hora de botar a cara, rapá

sexta-feira, 14 de março de 2014

The Skins - Dead Hands

The Skins é uma banda de média de 21 anos de idade formados pelos irmãos Bayli, Recife e Kaya Mckeithan e os guitarristas Daisy Spencer e Russel Chell. O vídeo é de uma performance no Festival Afro-Punk que é realizado em Nova Yorke. Assistam, vale a pena...

quarta-feira, 5 de março de 2014

Amor Preto 3





Toda a melanina encarnada em você
me faz pensar o quanto somos indivisíveis
toda a força racista
não eliminou meu amor por você
encadece o negrume
escurece a luz
seduz a queratina
abraça e abre a retina
preta minha
preto seu
eu sou
porque resisto a eliminação
da câmara de eliminação
midiática
beijo você
no quarto
na sala
na praça
dissipo pragas
curo chagas
por conta de nossa melanina
se junta, se funde
confessa, unge
animismo sem eco
sem objeto
te igualo
te venero
recuso o dissecar
natural é a forma preta de amar
fodemos
fazemos amor
beijamos
gritamos
dane-se o pudor

nossa geração há de viver...

domingo, 23 de fevereiro de 2014

Preto Fortunato



Fortunato é preto. Ele sabe. Sempre olha pra sua pele tentando valoriza-la. Bom, muito bom. Fortunato teve riquesas. Porta-voz do povo. Foi. Banqueteado, elogiado, orgiado. Fortunato sempre foi de se empaturrar. Fortunato, Fortunato, pede o que quiser que será contemplado. Fortunato gosta de canetas, gosta de palavras, gosta de ramos e de rosas... brancas.
Fortunato é líder. Gosta do reconhecimento, do momento e das glórias. É arrojado, é mulherengo, é um preto nato. Fortunato pede ajuda. Pra se livrar das enrascadas, não ser mais cumplices das enrabadas. Fortunato não é tão bom de sacada. Infelizmente... Mas gosta de uma trepada. E tem uma mulecada. Herdeiros de Fortunato não sabem nada. Fortunato deve, deve e não ao santo agradece. Não agradecia. Agora agradece.
Fortunato é preto. Faz questão. Levanta a mão. Faz obrigação. É preto, sim ou não? Fortunato quer reconhecimento. Anda cuidando bem dos rebentos. Tem neto. Exemplo correto ou quase. Fortunato retoma velhas alianças, pois tudo aquilo que é colocado sempre é esquecido quando a valorização é ato. Fortunato fala bem baixo. Conspiração. Fortunato fala bem alto. Confusão. Fortunato sabe que o tempo urge. Pressão, coração, solicitude. O que fazer, Fortunato? Não conseguiu o seu trocado. Solidão. O que?
Não existe moral, existe defesa da natureza. Nem que seja fodendo o outro, defende-se a natureza. O valor, precisamos de valor. Precisamos transitar entre as esferas e ter o nosso nome gravado na história. Safadeza, esperteza, oportunismo, discórdia. Não importa! Repita comigo: Não importa. Por que?
Porque não existe moral. Aniquilaremos os nossos. Valorizaremos os nossos. Mataremos os nossos.

Fortunato quer sobrar. Ele e alguns seus. Até onde der. “Estarei sempre contigo, Fortunato.” Disse o branco que perdeu a eleição. Talvez seja isso...