segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Armadilha Pedagógica - Parte I

Por Fábio Emecê


Todo qualquer impasse é construído a partir de uma não compreensão do que é o seu tamanho no espaço-tempo e do que o momento histórico. E toda reivindicação perde a legitimidade a partir do momento em que não temos mais o que apontar, senão o umbigo do outro. E qual seria a luta? Cortar as cabeças dos reles mortais ou do Leviatã?

Atirar contra o irmão ou atirar contra o sistema? É mais fácil atirar contra o irmão porque ele está do seu lado. E a força do impacto do tiro pode causar uma repercussão o suficiente para se pensar na sua importância no meio. Muito legal, mas o que muda de fato, mesmo?

Encarar o sistema e suas amarras de opressão seria fundamental para qualquer militante, primeiro para desnudar o senso comum do que seria o “sistema” e depois saber o que atacar, como atacar e porque atacar, depois saber que qualquer ataque por mais individualidade que se posssa ter, o resultado é sempre coletivo, atinge diretamente o coletivo.

Entender o sistema com uma estrutura ora institucional, ora psíquica, ora intelectual que favorece um grupo restrito que tem características fisicas, intelectuais e psíquicas bem definidas e afirmam isso de maneira categórica massacrando os diferentes deles.

E aí que entra a questão básica de entendimento para saber onde é que devemos apontar nossas armas, quem realmente legitima nossa fala e quem toma as decisões sobre nossos passos. Uma nova forma de nublar esse entendimento são as arenas pós-modernas que tem o ar de democracia travestido.

Lugares onde os grupos que teriam a mesma pauta, que tem algo em comum, que são semelhantes se encontram para se discutir suas pautas e a única pauta é a necessidade de se sobressair para justamente se submeter ao grupo opressor.
E lugares como esses seriam exatamente para apontar para o opressor onde ele precisa ceder para as coisas irem para o propósito de eqüidade ou até mesmo abalar as estruturas do sistema que o opressor mantém com tanto afinco.

Pois bem, estamos iludidos. Pensamos que participamos, pensamos que decidimos, pensamos que mudamos. E aí, o que faremos quando na arena não sobreviver mais ninguém? Ainda tá difícil enxergar que apontar a arma para nós mesmos para sobrevivência do mais forte só mantém um grupo coeso. Um grupo que não tem nossa matiz, nossa história e nossa vivência.

Acredita que sobrevive a essa armadilha pedagógica somente com seu esforço individual? Se acreditar, prepara-se pois o grupo é restrito e no máximo você irá servir para legitimar a hegemonia.

Não acredita? Tudo bem, eles não precisam e nossa coesão desmorona.