Por Fábio Emecê
Todo
qualquer impasse é construído a partir de uma não compreensão do
que é o seu tamanho no espaço-tempo e do que o momento histórico.
E toda reivindicação perde a legitimidade a partir do momento em
que não temos mais o que apontar, senão o umbigo do outro. E qual
seria a luta? Cortar as cabeças dos reles mortais ou do Leviatã?
Atirar
contra o irmão ou atirar contra o sistema? É mais fácil atirar
contra o irmão porque ele está do seu lado. E a força do impacto
do tiro pode causar uma repercussão o suficiente para se pensar na
sua importância no meio. Muito legal, mas o que muda de fato, mesmo?
Encarar o
sistema e suas amarras de opressão seria fundamental para qualquer
militante, primeiro para desnudar o senso comum do que seria o
“sistema” e depois saber o que atacar, como atacar e porque
atacar, depois saber que qualquer ataque por mais individualidade que
se posssa ter, o resultado é sempre coletivo, atinge diretamente o
coletivo.
Entender
o sistema com uma estrutura ora institucional, ora psíquica, ora
intelectual que favorece um grupo restrito que tem características
fisicas, intelectuais e psíquicas bem definidas e afirmam isso de
maneira categórica massacrando os diferentes deles.
E aí que
entra a questão básica de entendimento para saber onde é que
devemos apontar nossas armas, quem realmente legitima nossa fala e
quem toma as decisões sobre nossos passos. Uma nova forma de
nublar esse entendimento são as arenas pós-modernas que tem o ar de
democracia travestido.
Lugares
onde os grupos que teriam a mesma pauta, que tem algo em comum, que
são semelhantes se encontram para se discutir suas pautas e a única
pauta é a necessidade de se sobressair para justamente se submeter
ao grupo opressor.
E lugares
como esses seriam exatamente para apontar para o opressor onde ele
precisa ceder para as coisas irem para o propósito de eqüidade ou
até mesmo abalar as estruturas do sistema que o opressor mantém com
tanto afinco.
Pois bem,
estamos iludidos. Pensamos que participamos, pensamos que decidimos,
pensamos que mudamos. E aí, o que faremos quando na arena não
sobreviver mais ninguém? Ainda tá difícil enxergar que apontar a
arma para nós mesmos para sobrevivência do mais forte só mantém
um grupo coeso. Um grupo que não tem nossa matiz, nossa história e
nossa vivência.
Acredita
que sobrevive a essa armadilha pedagógica somente com seu esforço
individual? Se acreditar, prepara-se pois o grupo é restrito e no
máximo você irá servir para legitimar a hegemonia.
Não
acredita? Tudo bem, eles não precisam e nossa coesão desmorona.
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