segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Dias de Luta – O projeto

“Dias de luta” é um projeto de rap com o objetivo de mostrar que o melhor ambiente para qualquer levante revolucionário é o cotidiano e suas opressões visíveis, mas insensíveis aos nossos olhos devido a anestesia diária de todos aparatos punitivos, midiáticos e festivos. Percebe-se como pessoa disposta de mecanismos para romper com as injustiças e consequentemente proporcionar uma proposta nova de vivência, mais justa e igualitária.
Somos pretos, pobres, gays, trans, mulheres em busca de uma nova forma de manusear o mundo e as coisas e perceber essas condições é um exercício diário, por isso, dias de luta é todo dia.
Abaixo os 3 volumes, para audição, reflexão, celebração e revolução!

Vamo que vamo...

Artes dos Volumes

Clovisbatebola
Kyo
Marcia Fonseca

Produção Executiva

Dj Cortecertu















sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Dia de Consciência


Dia 20 de novembro é ainda um dia controverso nosso calendário, pois a ideia de ser um dia para se pensar a historiografia dos pret@s no Brasil é absurda. História nossa tão controversa e dissimulada que precisa de lei no século XXI para contar quem nos formou.

Em 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares foi assassinado pela tropa de Domingos Jorge Velho, bandeirante, e sua cabeça foi levada para o centro de Recife para ser exibida as pessoas como recado a não se fazer o mesmo, não importa que situação seja.

Uns poderiam vociferar: “É criminoso, merece isso mesmo! ”. Pois é, se insurgir contra o governo colonial era considerado crime, mas diante daquilo que pensamos, todo regime que é injusto para aqueles nos quais são regidos, é próprio de desobediência. E escravidão é uma forma injusta por si só.

Agora com os devidos filtros, não feitos por nós, pret@s, a associação de criminoso com a cor da pele ainda é recorrente, tanto que temos em média 124 assassinatos por dia, sendo mais da metade de pret@s e tudo parece corriqueiro.

Pense que o medo das elites em se ter revoltas e revoltas, formação de quilombos e seus esforços bélicos quase que magistrais para elimina-los, pois o haitianismo* não poderia contaminar os pret@s por aqui. E pense, vivemos numa região que tem pelo menos 10 comunidades remanescentes de quilombos.

Imagina a circulação de pret@s por aqui, o que foi construído, o que foi celebrado, o que foi deixado e pergunte-se: “Eu sei disso? ” E onde que estão os pret@s hoje, o que eles fazem, onde eles circulam, onde eles trabalham, qual é a importância deles para o nosso contexto?

Aí chegamos no ponto chave: Por que dia da Consciência Negra? Para se pensar exatamente quais são os papeis dos cidadãos no contexto do Brasil e o quanto eles são valorizados e valorados diante de sua cor da pele. Olhe para a sua volta: Qual é a cor do seu chefe? Qual é a cor do auxiliar de serviços gerais?

Quantos cômodos tem sua casa? Quantos cômodos tem a casa de alguém de cor diferente da sua? Conhece alguém que sofreu alguma violação policial? Alguém que teve um amigo, um parente assassinado por qualquer intervenção estatal? Qual era a cor da pele dessa pessoa?

A Consciência Negra é para pensarmos na maneira como se classifica as pessoas e seus direitos e que ainda é pautado fortemente pela cor da sua pele. Mesmo você negando, os pret@s tão morrendo, estão sendo assassinados e estão sendo privados de exercerem seus direitos plenamente.
Enfim, mais um dia 20 de novembro e estamos vivos, ah, como estamos!


*Haitianismo é um termo usado pelas elites no século XIX em alusão a Revolução Haitiana. O Haiti foi o primeiro país das Américas a se desvincular do poder colonial, no caso, o francês, mas com uma diferença básica: A desvinculação foi guiada 100% por pret@s.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

O Hip Hop também pode ser isso


O que é o Hip Hop? Existem regras e mandamentos? Existe um caminho fixo a se seguir? Bom, dentro de um consenso, o Hip Hop é um movimento com 4 elementos ou expressões artísticas. Rap, DJ, Grafiti e Break. Alguns adicionam o conhecimento como quinto elemento e assim as pessoas vão desenvolver determinadas habilidades, discursos e cadências.
Entendendo o conhecimento como fundamental para se desenvolver o Movimento Hip Hop, tem – se que se ter conhecimento de que? Cada elemento precisa de um domínio específico de determinada área da inteligência.
O rap precisa basicamente da sua habilidade de comunicação. Quantas palavras você comporta e como você as usa. O DJ precisa do uso das mãos e a seus ouvidos para saber a música que vai colocar de forma sequenciada. O grafiteiro precisa ter noção de espaço e de formas geométricas, simétricas, assimétricas ou qualquer forma para fazer o seu desenho. O break precisa do corpo e a sincronia de braços e pernas para fazer o movimento específico.
Todos os elementos precisam de uma cadência. De um ritmo em que se vai encaixar suas habilidades. A cadência do Hip Hop é o 4 x 4, então o Hip Hop sem o 4 x 4 não é Hip Hop. O mc precisa, o Dj precisa, o Break precisa e o grafite precisa, no caso, de forma implícita, pois o desenho não precisa de música, só que o grafite obedece uma linha construtiva bem própria.
Quais seriam os mandamentos básicos do Hip Hop? Então, no meu caso, aprendi a ser preto, por conta do Hip Hop. Via artistas pretos falando sobre racismo, preconceito, líderes e revoltas. Tive uma lógica de pertencimento e consequente orgulho.
Como sou mc, tentei passar isso para minhas letras e não só isso, entendi que seria uma plataforma de identidade com relação a luta contra as opressões. Uma ótima plataforma, aliás. Agora, é uma regra geral ou mandamento? Não, não precisa ser.
Agora entender o Hip Hop como plataforma que está linkada com o Mundo que vemos e o Mundo que queremos é fundamental. Entender o Hip Hop como um movimento artístico e que todo movimento artístico tem fundamentação para se modificar pensamentos e comportamentos é fundamental.
Entender-se como agente político e que sua atuação vai fazer as coisas caminharem para tal situação também é fundamental. Logo se você é praticante do Hip Hop, você tem uma responsabilidade com relação a realidade e seus alcances.
A grande sacada do conhecimento está em entender que a pulsão artística não é limitada a um grupo de pessoas, todos podem ter essa habilidade e desenvolve-la. O Hip Hop é um movimento artístico agregador em sua essência. Sendo agregador, as relações e as pulsões não podem necessariamente seguir aquilo que é excludente.
Enfim, o Hip Hop é todos, para todos. Só que tem se desenvolver, e como tem...



segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Podcast 17

Podcast de volta porque temos coisas a falar... muitas coisas, mas muitas mesmo. Parceria com o Bocada Forte. Ouçam, opinem e compartilhem, por favor!



sábado, 11 de julho de 2015

Tesão





Dispostos, atentos, diante do momento exato de boom, o bote. As vezes temos sorte. As vezes planejamos. As vezes acreditamos que vão fazer exatamente o que faríamos. E na verdade o trunfo, o trunfo, cumpadi, está em fazer exatamente o que estamos dispostos a fazer.
Não é tão agradável, talvez, porque temos mania de controle, mas se mal controlamos nosso destino, por que perder as poucas oportunidades que nos restam? Ah, egoísta, auto - suficiente e todas essas coisas faladas diante do fato de termos só um pouquinho de controle sobre nossos passos.
Os lábios enchem d`água, os quadris se mexem sozinho e as mãos deslizam, aaaah, deslizam e as palavras vem acentuadas com todo prazer apreendido no Mundo. Sedução, propensão, dilatação, tesão. Ui. Como é bom saber o momento do corpo ficar arrepiado diante do fato. O fato é: Tô fazendo!
A cara de surpresa, de espanto, de compreensão, ou não, só porque a decisão veio de uma figura não tão respeitável assim. Uma figura exótica, diferente. Uma figura, apenas uma figura. E o coletivo que nunca foi coletivo reivindicando o direito de um determinado conhecimento, contaminado pelo atraso coletivo de uma cidadela com síndrome de gigante.
Gigante atômico, olhando e vendo as formigas assustadas... ai, ai, vem comigo agora, me beija gostoso, só não me atrapalhe quando o bonde passar, pois vou entrar, pode ter certeza...


segunda-feira, 1 de junho de 2015

domingo, 12 de abril de 2015

HIP HOP SE MANIFESTA


Não vamos para rua com a direita!

Recentemente temos observado posicionamentos favoráveis de integrantes da cultura Hip Hop ao movimento “Vem pra Rua”, apoiando e incentivando a adesão a este movimento que teve certa repercussão a partir de passeatas realizadas em diversas cidades do Brasil no dia 15 de Março de 2015. Este movimento liberal e proto-fascista tem como pautas o Impeachment da presidente Dilma, a redução da maioridade penal, a terceirização dos serviços, intervenção militar, a criminalização de movimentos populares combativos, a mercantilização da vida, dentre muitas outras pautas de cunho absolutamente antidemocrático e antipopular. 

Por isso, entendemos que o discurso da “liberdade de expressão” utilizado por muitos MC´s e demais agentes da cultura ao mesmo tempo em que tentam se esquivar de responsabilidades diretas sobre os fatos em última instância faz jus às políticas empreendidas por setores empresariais, bancada evangélica, forças armadas e demais segmentos antidemocráticos. 

Devemos ressaltar que a cultura Hip Hop ao apoiar este âmbito de disputas políticas fortalece setores que historicamente lutaram e lutam contra os fundamentos da cultura de rua como a luta pela democracia direta, a luta contra o genocídio negro, a luta contra o patriarcado e as lutas a favor das liberdades coletivas e individuais. 

Outro fator que devemos ressaltar é a intensa luta entre classes antagônicas que se tornou ainda mais evidente a partir de grandes movimentações populares nas Jornadas de Junho de 2013, quando vimos de perto a ação truculenta do Estado contra a população que exigia direitos constantemente tragados pelo grande capital financeiro e pelo Estado democrático de direitos, que se manifesta na prática como Estado de exceção. 

Essa luta colocou em crise inclusive a representatividade de partidos de esquerda burocráticos que desde seus lugares fortalecem direta ou indiretamente as políticas de Estado, não se diferenciando na prática de setores conservadores de direita. Por isso, queremos ressaltar que o movimento Hip Hop deve ser livre e para tal deve reaver a luta contra diversas formas de opressão praticadas historicamente pela estrutura do capital e suas formas de poder. 

A gente quer ir pra rua, mas não vamos para a rua junto com os militares, não vamos para a rua junto com as armas do Estado. Quem organiza Rodas de Rima, quem circula favelas, quem circula os meios e os espaços onde tá o Hip Hop sabe que a polícia não é amiga do Hip Hop. O Hip Hop está aí para questionar essa ordem! 

Não estamos junto de pessoas que por introjetar o medo construído pelos discursos midiáticos burgueses tornam-se a favor da militarização dos espaços públicos cerceando ainda mais as manifestações culturais da juventude e demais setores populares. Dessa forma, convidamos todos que compõem a cultura Hip Hop a pensar criticamente a conjuntura política atual de forma a nos associar em organizações que se contraponha e efetive na prática ações antagônicas ao conservadorismo burguês.

Assinam este manifesto:
Carta na Manga (Rio de Janeiro) ; Dumatu (João Pessoa) ; Menestréis MC´s (João Pessoa) ; Arthur Moura – 202 filmes (Niterói - RJ) ; Antiéticos (Rio de Janeiro) ; Paulo Napoli (Fortaleza) ; Totoin Antonio Carlos (Minas Gerais) ; Djoser Botelho Braz (Rio de Janeiro) ; DJ Erik Scratch (Rio de Janeiro) ; Marco Monte Cafus (Fusca) (Rio de Janeiro) ; DJ Machintal (Niterói - RJ) ; GoriBeatzz (Rio de Janeiro) ; Alvaro Neto (Niterói - RJ) ; Dropê Comando Selva (Rio de Janeiro) MV Hemp (Rio de Janeiro) ; DJ Kong (Rio de Janeiro) André Tertuliano (Rio de Janeiro) ; Gerard Miranda e Coletivo CIC (João Pessoa) ; Gustavo Pontual (Recife) ; Elton Kurtis (São Paulo) ; Roberto Camargos (Uberlândia) ; Issa Paz (São Paulo) ; Rôssi Alves (Rio de Janeiro) ; Comunidade Rap Feminino ; NJ Sallez (Rio de Janeiro) ; Lepô comando selva confirmar ; Rico Comando Selva confirmar (Rio de Janeiro) ; Emilio Domingos (Rio de Janeiro) ; Marcos Favela (Mogi das Cruzes – São Paulo) ; Fábio Emecê (Rio de Janeiro) ; Aline Pereira – Roda Cultural do Engenho do Mato (Niterói- RJ) ; Davi Baltar (Niterói – RJ) ; Camila Rocha (João Pessoa) ; A-Lex Remanescente emcee Coletivo CGZOO, Projeto Bínário, Nação HipHop Brasil célula/PB ; MC Slow (Rio de Janeiro) ; Gabriel Kopke Gael (Rio de Janeiro) ; Beição ejc (Rio de Janeiro) ; Wallace Carvalho (Fluxo; Planodois) (Rio de Janeiro)

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Preto I


Dizer que é difícil ser homem preto pode ser clichê para o público alvo desse texto. Só que talvez não tenha público alvo por justamente uma das dificuldades de ser homem preto é a solidão que os acadêmicos chamam de solidão epistemológica.
Ideias e planos que passam sem legitimidade nos contextos nos quais tentamos nos inserir e consequente garganta doída por gritar em vão. Bem, se agarrar no penúltimo degrau da pirâmide reforçando estereótipos seculares me incomoda, e como.
Eu canso quando fodo porque qualquer corpo cansa quando fode e meu pau, ah, meu pau não importa muito, não sou garantia de gozos intensos e constantes e isso não resume minha complexidade que acaba sendo não complexa por imposição.
Qualquer proposta de enfrentamento coletivo da comunidade preta passa por desvencilhamentos das armadilhas impostas pelo projeto colonizador tão bem calcado nas nossas almas, corpos e intelectos.
A cachaça e a maconha nunca vai ser suficiente pra disfarçar minha fragilidade diante do enfrentamento da voz dominante e a possibilidade de cura nunca vai passar pela disputa da fala com outro homem preto.
Vai, seja o pirocudo da vez, isso definitivamente não me importa. E nem ser o pretenso sedutor pras pretas. Quero atos coletivos contra a supremacia branca. Tá difícil? Atos coletivos contra a supremacia branca poderia ter base no afeto que trocamos uns com os outros.
Afeto... lutamos pra não ser exterminados e lutamos pra permanecer num território que nunca foi nosso, acabou sendo e hoje não nos querem lá. Tiros na cabeça e pirocas duras nos rodeiam e nos aprisionam.
E as pretas? Reconhecer a preta como a mãe casta e fiel só já bastou e o choro me consome apesar de não conseguir sair muitas lágrimas pra salgar essa carne dolorida de sentidos impostos nos hemisférios de descontrole social.
Porra, outra hora continuo...



sexta-feira, 27 de março de 2015

No Boni

A premissa do filme: Um comprimido pra esquecer as agruras da herança da escravidão. Vale a pena assistir?




NO BONI official teaser from DuBois Ashong on Vimeo.

domingo, 15 de março de 2015

O que acontece?


Pense: ignorar o espírito fascista e conservador não tem como mais, assim como tentar entender os interesses por trás disso pode ser fundamental para se poder ter um posicionamento que defenda nossa proposta de vivência e autonomia.
Já travei embates com um amigo sobre propostas de emancipação e difusão de ideias sobre autonomia e vivência dos nossos. Sou preto, do Hip Hop e assim como o amigo, temos propostas contra - hegemônicas, ou seja, não acreditamos numa proposta de imposição do capital com suas opressões como modelo a ser reproduzido.
Em nossas angustias, afirmava que o Brasil é um país conservador, as pessoas são conservadoras e temos uma construção histórica que defende privilégios e os movimentos para defender esse privilégio sempre são violentos.
E dependendo da nossa origem e matiz, o trauma e a violência sempre nos acompanha, com participação efetiva do Estado e suas esferas. Pois bem, o fim de semana foi movimentado, com defesas de ideais democráticos e críticas severas ao atual governo federal.
De pedidos de reforma política a intervenção militar, multidões invadiram o espaço estigmatizado da rua para falar e dar suas supostas opiniões. Atos truculentos fizeram parte? Incoerências históricas fizeram parte? Reinvindicações que beiraram o ridículo fizeram parte? O sistema binário de proposições tomou conta? Tudo isso e mais um pouco.
O que talvez não tenha entrado em jogo de maneira tão efetiva é pra onde vai o povo preto e pobre brasileiro, achatado nas periferias e sendo vigiado e exterminados pelas forças militares, seja oficialmente ou milicianamente.
As vozes dessa parcela populacional precisam ser ouvidas de fato, e não só ser ouvidas, precisam ser entendidas. Vivemos em nossas redes de solidariedade, mesmo com as sabotagens precisas do Estado Democrático de Direito. Afinal, quantos traumas são precisos diante dos tiros na nuca e dos autos de resistência?
Um corpo arrastado pelo asfalto e filmado não minam de uma vez a vontade de nosso povo, ainda fazem essa parcela viver e criar mecanismos de legitimação de vozes e pensamentos que passam longe dessa discussão binária. Viver, se alimentar, ter uma casa e chegar no lugar almejado sempre foram pautas significativas que transpassam o Marxismo e o Neoliberalismo.
Lógico que essas ideias (Neoliberalismo e Marxismo) são diluídas na periferia, mas e aí? Se esse povo se mobilizar para se garantir o que eles sempre garantiram pros seus e ainda por cima, começarem a entender o sentido de autonomia e fortalecimento real dos seus, o que vai sobrar da direita e da esquerda?
A democracia burguesa sempre produziu traumas pro meu povo, seja esquerda ou direita no poder. Um ponto a se considerar. Os militares fazem incursões certeiras, precisas e corpos continuam sendo estendidos na periferia, não importando a legenda partidária, pensando no pacto federativo como máxima. Outro ponto a se considerar. Um discurso quase único que perpassa os meios midiáticos tradicionais. Mais um ponto a se considerar.
Quero uma lógica sem traumas, sem genocídios, com autonomia e vivência plena do povo preto. No Brasil ainda não é possível. Aliás, nunca foi possível. Seria possível com a reforma política? Tenho minhas dúvidas, mas tenho certeza que nem dia 13 e nem dia 15 me representaram. Nem a mim, nem o Rafael Braga, a Cláudia, o DG e tantos outros...




quinta-feira, 12 de março de 2015

Historinhas racistas que o povo só conta em mesa de bar


Um artista famoso, daqueles que embalaram romances, casamentos, encenações e falcatruas. Aquele artista que até hoje se faz tributos e tributos, sempre o colocando no patamar de semi-deus e quem canta ou promove alguma dele como privilegiado. Tá ciente?
Então: Em uma recepção de jornalistas para uma entrevista para dar aquele levante, pois uma vida toda de dedicações etílicas e carreiras brancas, não deixa as pessoas sempre de bem com a vida. Ao avistar um jornalista preto, emburrou a cara e se recusou a falar. Indagado sobre a mudança de humor repentina, o mesmo disse que se recusa a falar algo com a presença daquele preto no recinto.
A entrevista foi cancelada? Não, de jeito nenhum, não se cancela entrevistas com Semi-Deuses. O jornalista preto ficou da janela, observando o desenrolar da fala e de vez em quando o artista olhava de cara amarrada pro observador da janela. Ainda bem que não choveu.
Bom, só não conto quem é o artista pra não perder as amizades, mas jamais sairia de casa pra ver qualquer coisa relacionado ao mesmo, mas tem gente que gosta, assim como tem gente que acredita que racismo não existe...



sexta-feira, 6 de março de 2015

Nicky Lars - Musica negra


Release tirado da pagina "Forced Exposure"



"Para o seu primeiro álbum, o produtor parisiense Nicky Lars retorna às suas raízes, desenhando suas amostras e sua inspiração de música afro-caribenha. O álbum, intitulado sugestivamente Música Negra , Pode ser ouvido como uma discussão sobre o lugar da África e do negro na sociedade. Consciente e musical, este irá agradar aos fãs de ambos Afrobeat e hip-hop. A música negra não tem fronteiras, alternadamente deslocando do Brasil para as ilhas do Caribe, do estúdio de Nicky em Paris para a Nigéria. O álbum conta com participações de rapper britânico Ty, Pianista e produtor Buddy Sativa, Célia Wa e muitos outros."

*Discão




terça-feira, 3 de março de 2015

Yarah Bravo


Ela manda no rap, filha de pai brasileiro e mãe chilena. Tem dois discos na bagagem: Good Girls Rarely Make History (Mothergrain Records, 2008); Love Is The Movement (Duzz Down San, 2014).
Fez parte com do grupo One Self junto com o DJ Vadim. 
Hoje ta ligado ao selo Organized Threat. Confere o show, busca os discos porque a mina detona.

domingo, 1 de março de 2015

Vendido, egoísta e qualquer coisa mais.


Dizer que nunca fui a favor de padrões é clichê. Até porque qualquer processo de entendimento contra – hegemônico passa pela chamada desconstrução. Entender onde está inserido, quais são suas atitudes diante disso, o que te favorece, o que te desfavorece, enfim, contextos de atuações nos quais você tem que refletir, caso tenha essa chance, fazem parte do processo.
Tive chance da reflexão, de entender-me como oprimido, em alguns contextos como reprodutor de um discurso opressor e assim, fazer o que tem que ser feito para que todas essas infusões sejam aos poucos eliminadas do seu sangue, requer um esforço e dedicação próprios e consequentemente uma série de escolhas.
Escolhas que nos fazem questionar quem está do seu lado e porquê está inserido em determinada estrutura. Olhamos para o lado e vemos atitudes que não queremos mais reproduzir. Não podemos ignorar a vivência, o conhecimento e a cumplicidade, pois isso te fez ficar vivo até hoje, só que a desconstrução é cruel, porque as incompatibilidades aparecem e como aparecem.
Entender essa incompatibilidade é fundamental, doloroso, mas fundamental, pois a desconstrução das lógicas opressivas nos dão um novo patamar de tratamento com o próximo em que a aceitação e o entendimento de que precisamos de uma outra lógica de vivência é no mínimo libertador.
Tá, me desconstruí pra que mesmo? Que proposta de contra – hegemonia seria essa? Vamo lá! Sou homem preto, mira constante dos órgãos militares do Estado. Preciso sobreviver, e entendo que não farei isso sozinho, então me alio a todos que entendem o Estado Brasileiro como racista e mutilador do povo preto.
Como homem, percebo-me numa lógica machista de hierarquização com relação a mulher, e na especificidade, a mulher preta. Então, comecei a acreditar na horizontalidade da relação homem – mulher e homem preto – mulher preta.
Não acredito que a condição sexual seja pressuposto de poder. Aliás, o poder é um incremento coletivo de decisão para que as pessoas desenvolvam plenamente suas habilidades e interesses sem hierarquização.
Uso o rap e a escrita para passar a ideia contra – hegemônica. Anti – Racista, libertário e entendimento da África como berço da humanidade, como o real velho mundo. Sou preto e a favor da autonomia do meu povo. E se for pra morrer, que seja esmagado pelos muros, mas lutando sempre.
Se isso me torna vendido, egoísta ou qualquer coisa mais, então muito prazer, sou Fábio Emecê.