Dizer que nunca fui a favor de padrões é clichê. Até porque
qualquer processo de entendimento contra – hegemônico passa pela
chamada desconstrução. Entender onde está inserido, quais são
suas atitudes diante disso, o que te favorece, o que te desfavorece,
enfim, contextos de atuações nos quais você tem que refletir, caso
tenha essa chance, fazem parte do processo.
Tive
chance da reflexão, de entender-me como oprimido, em alguns
contextos como reprodutor de um discurso opressor e assim, fazer o
que tem que ser feito para que todas essas infusões sejam aos poucos
eliminadas do seu sangue, requer um esforço e dedicação próprios
e consequentemente uma série de escolhas.
Escolhas
que nos fazem questionar quem está do seu lado e porquê está
inserido em determinada estrutura. Olhamos para o lado e vemos
atitudes que não queremos mais reproduzir. Não podemos ignorar a
vivência, o conhecimento e a cumplicidade, pois isso te fez ficar
vivo até hoje, só que a desconstrução é cruel, porque as
incompatibilidades aparecem e como aparecem.
Entender
essa incompatibilidade é fundamental, doloroso, mas fundamental,
pois a desconstrução das lógicas opressivas nos dão um novo
patamar de tratamento com o próximo em que a aceitação e o
entendimento de que precisamos de uma outra lógica de vivência é
no mínimo libertador.
Tá, me
desconstruí pra que mesmo? Que proposta de contra – hegemonia
seria essa? Vamo lá! Sou homem preto, mira constante dos órgãos
militares do Estado. Preciso sobreviver, e entendo que não farei
isso sozinho, então me alio a todos que entendem o Estado Brasileiro
como racista e mutilador do povo preto.
Como
homem, percebo-me numa lógica machista de hierarquização com
relação a mulher, e na especificidade, a mulher preta. Então,
comecei a acreditar na horizontalidade da relação homem – mulher
e homem preto – mulher preta.
Não
acredito que a condição sexual seja pressuposto de poder. Aliás, o
poder é um incremento coletivo de decisão para que as pessoas
desenvolvam plenamente suas habilidades e interesses sem
hierarquização.
Uso o rap
e a escrita para passar a ideia contra – hegemônica. Anti –
Racista, libertário e entendimento da África como berço da
humanidade, como o real velho mundo. Sou preto e a favor da autonomia
do meu povo. E se for pra morrer, que seja esmagado pelos muros, mas
lutando sempre.
Se isso
me torna vendido, egoísta ou qualquer coisa mais, então muito
prazer, sou Fábio Emecê.
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