domingo, 15 de março de 2015

O que acontece?


Pense: ignorar o espírito fascista e conservador não tem como mais, assim como tentar entender os interesses por trás disso pode ser fundamental para se poder ter um posicionamento que defenda nossa proposta de vivência e autonomia.
Já travei embates com um amigo sobre propostas de emancipação e difusão de ideias sobre autonomia e vivência dos nossos. Sou preto, do Hip Hop e assim como o amigo, temos propostas contra - hegemônicas, ou seja, não acreditamos numa proposta de imposição do capital com suas opressões como modelo a ser reproduzido.
Em nossas angustias, afirmava que o Brasil é um país conservador, as pessoas são conservadoras e temos uma construção histórica que defende privilégios e os movimentos para defender esse privilégio sempre são violentos.
E dependendo da nossa origem e matiz, o trauma e a violência sempre nos acompanha, com participação efetiva do Estado e suas esferas. Pois bem, o fim de semana foi movimentado, com defesas de ideais democráticos e críticas severas ao atual governo federal.
De pedidos de reforma política a intervenção militar, multidões invadiram o espaço estigmatizado da rua para falar e dar suas supostas opiniões. Atos truculentos fizeram parte? Incoerências históricas fizeram parte? Reinvindicações que beiraram o ridículo fizeram parte? O sistema binário de proposições tomou conta? Tudo isso e mais um pouco.
O que talvez não tenha entrado em jogo de maneira tão efetiva é pra onde vai o povo preto e pobre brasileiro, achatado nas periferias e sendo vigiado e exterminados pelas forças militares, seja oficialmente ou milicianamente.
As vozes dessa parcela populacional precisam ser ouvidas de fato, e não só ser ouvidas, precisam ser entendidas. Vivemos em nossas redes de solidariedade, mesmo com as sabotagens precisas do Estado Democrático de Direito. Afinal, quantos traumas são precisos diante dos tiros na nuca e dos autos de resistência?
Um corpo arrastado pelo asfalto e filmado não minam de uma vez a vontade de nosso povo, ainda fazem essa parcela viver e criar mecanismos de legitimação de vozes e pensamentos que passam longe dessa discussão binária. Viver, se alimentar, ter uma casa e chegar no lugar almejado sempre foram pautas significativas que transpassam o Marxismo e o Neoliberalismo.
Lógico que essas ideias (Neoliberalismo e Marxismo) são diluídas na periferia, mas e aí? Se esse povo se mobilizar para se garantir o que eles sempre garantiram pros seus e ainda por cima, começarem a entender o sentido de autonomia e fortalecimento real dos seus, o que vai sobrar da direita e da esquerda?
A democracia burguesa sempre produziu traumas pro meu povo, seja esquerda ou direita no poder. Um ponto a se considerar. Os militares fazem incursões certeiras, precisas e corpos continuam sendo estendidos na periferia, não importando a legenda partidária, pensando no pacto federativo como máxima. Outro ponto a se considerar. Um discurso quase único que perpassa os meios midiáticos tradicionais. Mais um ponto a se considerar.
Quero uma lógica sem traumas, sem genocídios, com autonomia e vivência plena do povo preto. No Brasil ainda não é possível. Aliás, nunca foi possível. Seria possível com a reforma política? Tenho minhas dúvidas, mas tenho certeza que nem dia 13 e nem dia 15 me representaram. Nem a mim, nem o Rafael Braga, a Cláudia, o DG e tantos outros...




Nenhum comentário:

Postar um comentário