segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Podcast 13 - Poemas da Juh de Paula




Bloco 1


Emicida - Cacariacô
Bebeto - A Beleza é Você, Menina
Fátima Feat Floating Points - Mind


Bloco 2

Tune Yards - Bizness
Mariana Aydar - Solitude
Anelis Assumpção - Sonhando


Bloco 3

Gilsão Afronto - Terreiro
Anti - Éticos - Nós por Nós
Nneka - Sleep feat Ms Dynamite


Bloco 4

Xis - Sonho Meu
Seu Jorge - Quem não quer, sou eu
Oddisee - Still Doing feat YU


domingo, 30 de outubro de 2011

Ser ou não ser



Vou fazer o que?

Ela sente saudade de você

Vou sentir

Vou chorar

Vou gritar

Vou fazer o que?

Quando ligo, o tel tá ocupado por causa de você

Vou sentir

Vou chorar

Vou gritar

Vou fazer o que?

Quando mando mensagem, ela não retorna, pois ela já mandou pra você

Vou sentir

Vou chorar

Vou gritar

Vou fazer o que?

Ela não goza mais comigo, goza com você

Vou sentir

Vou chorar

Vou gritar

Vou fazer o que?

Eu não sou o poeta, o poeta é você

Vou sentir

Vou chorar

Vou gritar

Vou fazer o que?

O espaço é seu, vou fazer o que?

Vou sentir

Vou chorar

Vou gritar

Vou desaparecer...

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Weiwei, profissão artista-ativista



Por que a obra e a militância do maior artista chinês da atualidade são tão importantes para entendermos nossa relação com a arte (e a política) nos dias de hoje?






A prisão do artista chinês Ai Weiwei em abril causou uma comoção global que há tempos não se via em torno de um artista. Weiwei foi detido pela polícia chinesa quando embarcava de Pequim para Hong Kong e ficou sob a custódia de soldados por 81 dias. Nesse período, ninguém soube de seu paradeiro, até ser libertado em junho. A captura de Weiwei gerou protestos e manifestações pelo mundo. Museus renomados como o Guggenheim de Nova York e a Tate Modern de Londres emitiram comunicados pedindo sua libertação. Nas ruas de grandes cidades como Berlim, Dresden, Copenhague, Barcelona, pichações perguntavam "Where is Weiwei?" (Onde está Weiwei?). Sites, blogs e um perfil no Facebook foram criados para dar informações sobre seu confinamento. Organizações que lutam pelos direitos humanos fizeram petições em prol do artista.

Tal repercussão mostra sua relevância para a atual cena artística e traz luz justamente para esse caráter político da arte, que permite abrir uma fenda nova nas nossas perspectivas e padrões, e que nos afeta de forma a podermos nos mover e nos transformar. A arte, afinal, pode ser produtora de uma visão de mundo que, em potência, transforma a realidade - inclusive de um país. No caso de Weiwei essa relação entre arte e política está muito mais intrínseca. "Não dá para separar no trabalho dele o que é arte e o que é ativismo", afirma Moacir dos Anjos, que foi curador da 29ª Bienal de São Paulo, realizada no ano passado, e que reproduziu a obra Círculo de Animais do artista chinês. "As obras de Weiwei são baseadas em ações de choque que visam criticar o regime opressor chinês, portanto seu trabalho tem uma enorme conotação política", diz. Do lado mais ativista, ele é um fervoroso crítico do governo comunista chinês, condenando abertamente a falta de liberdade de expressão e de direitos humanos em seu país. Depois de ter sido solto, Weiwei prometeu ao governo se calar em troca da liberdade.

BUSCA DA TRADIÇÃO
A relação com as artes começou dentro de casa. Filho de um dos mais renomados poetas modernos da China, Weiwei nasceu em Pequim, em 1957, e se tornou artista, arquiteto, fotógrafo e curador. Suas obras denotam um artista eclético ao reunirem instalações, pinturas, filmes, fotografias e até performances - como a que organizou para a edição de 2007 da Documenta, em Kassel, em que levou 1.001 chineses que nunca haviam viajado para o exterior para morar na cidade alemã durante a mostra. Mas esteticamente ele investiu, com maior notoriedade, no campo das esculturas, construindo estruturas de forte valor simbólico. "Suas obras têm uma grande riqueza, robustez artística e formal, além de um aspecto estético muito apurado", analisa Dos Santos. Um dos exemplos é uma de suas obras que usou mochilas estudantis para representar crianças mortas em um terremoto na província de Sichuan em 2008, enfileiradas em uma estrutura suspensa e curvilínea denominada Snake (segundo Weiwei, as crianças só morreram no tremor porque as escolas foram construídas pelo governo com materiais pouco resistentes e de baixo custo; ele chegou a elaborar um dossiê provando as irregularidades nas construções, apresentadas junto com a obra). Esse tipo de trabalho crítico é o que fez o diretor da Tate Modern, Vicente Todolí, considerar as obras do chinês como "os mais socialmente engajados trabalhos artísticos feitos hoje no mundo".

Uma das principais características de Weiwei é o uso de elementos tradicionais da cultura chinesa como forma de dar visibilidade às tradições de seu país. Não raro suas obras reproduzem materiais que apropriam e ressignificam objetos do patrimônio político e sociocultural da China, como cerâmicas e vasos seculares, madeiras antes usadas em templos budistas de mil anos que foram demolidos pelo Partido Comunista ou reproduções de cadeiras utilizadas durante a dinastia Qing.

AFRONTA AO SISTEMA
Um dos episódios mais polêmicos da relação de Weiwei com o governo chinês, talvez, foi a construção do Estádio Olímpico Nacional da China (também conhecido como Ninho de Pássaro - abaixo) em 2008, para abrigar a Olimpíada em Pequim. Trabalhando como consultor artístico do escritório de arquitetura Herzog & De Meuron, que executou o projeto, ele foi um dos criadores desse símbolo dos jogos no país. Mas, em uma entrevista, ele disse considerar o fato de o país abrigar o evento como um "falso sorriso" em meio aos problemas chineses. O governo achou uma afronta. Em seu perfil no Twitter (@aiww), ele continuou a postar críticas ao regime comunista para seus mais de 40 mil seguidores, o que fez dele um dos maiores usuá¬rios dessa rede social na China - e provavelmente o maior detrator aberto do governo.

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Seu blog, mantido por mais de quatro anos, em que ele escrevia artigos e postava suas ideias artísticas e políticas, foi bloqueado pela censura em 2009. Tempos depois, descobriu que sua conta de e-mails no Gmail havia sido hackeada e as configurações foram alteradas para enviar todas as mensagens com cópia para um endereço nada familiar. Sua conta bancária foi vasculhada e o poste em frente a sua casa-estúdio ganhou um par de câmeras de segurança. Recentemente, e apesar da sua promessa de silêncio após a prisão, Weiwei publicou um artigo na revista americana Newsweek em que acusava o regime chinês de negar aos cidadãos "seus direitos básicos". "Sem confiança [no país], não se pode identificar nada: é como uma tempestade de areia. Tudo muda constantemente segundo a vontade de outro, de quem está no poder", criticou o artista. O artigo foi reproduzido internacionalmente por centenas de revistas e sites. A verdade é que essa ambiguidade entre ativista e artista fez com que Weiwei passasse a ocupar o topo de uma nova categoria de personalidade artística da qual, aliás, foi um dos precursores - e que possui outros nomes que estão ganhando mais repercussão, como o fotógrafo francês J.R. ou o grafiteiro inglês Banksy. "Muitos dizem que Ai está fazendo uma forma de arte performática", disse em uma entrevista à New Yorker o pintor chinês Chen Danqing, contemporâneo de Weiwei inclusive nas críticas sociais. "Mas eu acredito que ele já ultrapassou essa definição. Ele desenvolve algo mais interessante, mais ambíguo. Acho que ele quer, no fundo, ver quão longe a força de um indivíduo pode chegar."

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Cala boca, besta


por Wander Lourenço*
Jornal do Brasil – 25/10/2011 - 22h01

Até quando iremos tolerar a desconfiança contra cidadãos negros ou mestiços por parte de uma visão elitista e conservadora, provinda dos longínquos tempos da escravatura, ao compactuarmos com uma conduta execrável e abjeta, que interpreta pela cor da pele o tratamento a ser direcionado pelo algoz ao réu?

Ao assistir, estupefato, ao episódio vivenciado pela cantora do conjunto Orquestra Imperial, Thalma de Freitas, no noticiário televisivo, lembrei-me de que, habitualmente, parte da população brasileira se refere aos policiais militares como capitães do mato, por estes se dedicarem à captura de marginais homiziados em quilombos/favelas.Em alusão aos negros e mestiços que serviam aos senhores de engenho, em busca de consideração e recompensas pecuniárias, os caçadores de escravos aprisionavam os negros fujões e os arrastavam até a senzala, a fim de que se preservasse a ordem e a propriedade.Ao descer as ladeiras do Morro do Vidigal, a talentosa artista negra fora abordada por sujeitos fardados possivelmente em sua maioria pertencentes aos mesmos traços e padrões étnicos, que desconfiaram não só de sua procedência; mas, sobretudo, de sua origem racial porque, de acordo com depoimento da vítima, havia no local uma jovem branca que os homens da lei sequer ousaram suspeitar ou pôr em revista.

No romance histórico intitulado O sonho do Celta, Mario Vargas Llosa retrata uma identificação nominal destinada aos indígenas peruanos "castelhanizados", responsáveis pela vigília e aplicação dos castigos ou mutilações nos selvagens recrutados em "correrias" – leia-se, caçadas que sequestravam homens, mulheres e crianças –, para labutação nos seringais amazônicos no início do século 20 – racionais. Sim, alcunhavam desta propícia maneira os silvícolas ameríndios evangelizados e, por conseguinte, aptos a colaborar com os métodos de exploração impostos pelos europeus desbravadores da Floresta Amazônica. Em retorno ao ofício dos capitães do mato ou indígenas racionais, poder-se-ia concluir que os soldados que detiveram a promissora Thelma de Freitas o fizeram por preconceito étnico ou por uma espécie de revanchismo paradoxalmente contra a própria raça negra? Uma vez que disfarçados de uma autoridade onipresente, os policiais militares se sentiriam no pleno dever de descontar as atrocidades e injustiças antepassadas, que povoaram as suas existências abalroadas de recordações de uma pobre infância de subúrbio ou favela?

Ao que parece o ódio da abominação oriunda de um remoto período de humilhação ainda não foi cicatrizado; entretanto, quando se utilizaram da força bélica de um fuzil ou metralhadora para obrigar uma pessoa pública ao constrangimento de acompanhá-los, dentro de uma suposta legalidade, até a delegacia mais próxima para revista feminina, não imaginavam que a coragem desta mulher negra iria impulsioná-la a denunciar, diante das câmeras em rede nacional, a recorrente prática de desrespeito a que estes incautos guardiões da moral e dos bons costumes estão afeitos a impunemente lidar com os habitantes da cidade do Rio de Janeiro.Quantos de nós já presenciamos, em blitz, as tais abordagens a negros e mulatos, protagonizadas por membros da guarda estadual da mesma origem racial dos suspeitos incriminados por uma desprezível atitude de autoritarismo diante de um suposto delito de nascença – a negritude ou mestiçagem? Quantos cidadãos anônimos sofrem, cotidianamente, em aterrorizante lei do silêncio, com o abuso de autoridade destes impetuosos cães de guarda mal treinados, que se travestem de capitães do mato ou racionais para, sem educação nem princípios, insultarem o direito de cidadania dos milhares de centenas de trabalhadores fluminenses – frutos da tão decantada miscigenação pátria?

A repulsa da esdrúxula situação impele ao atroz descaso com o ser humano por intermédio do assassínio de sua integridade física e moral, mutilada por irresponsáveis ações já corriqueiras de pessoas detentoras de um direito de ir e vir castrado por um ímpeto de aberrante desobediência constitucional.Até quando iremos tolerar a desconfiança contra cidadãos negros ou mestiços por parte de uma visão elitista e conservadora, provinda dos longínquos tempos da escravatura, ao compactuarmos com uma conduta execrável e abjeta, que interpreta pela cor da pele o tratamento a ser direcionado pelo algoz ao réu? Que não cessem os questionamentos de ordem intelectual mediante mordaz hipocrisia, que marginaliza pelo olhar do inquisidor a serviço da opressão, que aprisiona pelo ato de vil julgamento étnico e que condena pela antilei professada pela discriminação racial.

Para ilustrar o entrevero entre a atriz Thalma de Freitas e os policias militares do Vidigal, quiçá em descabido e secular revanchismo, reporto-me ao livro Memórias póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881. Em criança, Brás Cubas fazia o escravo Prudêncio de negro de montaria, com arreios e chicote; e, quando o preto reclamava dos maus-tratos impostos, o sinhozinho branco o repelia com um providencial e supremo: “Cala boca, besta!...”. Anos depois, o memorialista deparou-se com uma curiosa cena em que um homem de cor alforriado humilhava em praça pública, com xingamentos e ameaças, um seu negro cativo, indulgente e beberrão. Entrementes, qual não foi a sua surpresa quando reconheceu o seu antigo animal de montaria de outrora na figura daquele que o parafraseava, pois que o velho e bom Prudêncio, ao retorquir as reclamações do pobre diabo que, aos bofetões e impropérios, era castigado, soberbo e majestoso, obtemperava: “Cala boca, besta!...”.

* Wander Lourenço de Oliveira, doutor em letras, é professor da Universidade Estácio e autor dos livros ‘Com licença, senhoritas (A prostituição no romance brasileiro do século 19)’ e de ‘O enigma Diadorim’.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Artur gomes e Dizzy ragga

Conheci o Artur Gomes na época do Cefet - Campo e fiz um irmão que é o Dizzy Ragga, nas correrias do rap!



terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ih Rapaz, O Fernando Pessoa era racista!


E aí Fellas, a postagem de hoje é em homenagem a Festa Portuguesa, tão bem feita na minha querida cidade Cabo Frio. Já que convidaram o escritor anti-cotas, Ferreira Gullar, eis que mostro uma faceta do querido Fernando Pessoa que nem heterônimo usou, ele mesmo assim as falas. Podem dizer: Ele era um homem do seu tempo. Sim, é óbvio, mas todos os homens e mulheres do tempo dele eram racistas?
Leiam e depois exaltem o progresso da Feitoria graças aos portugueses.

“A escravatura é lógica e legítima; um zulu (negro da África do Sul, que falava a língua banto) ou um landim (indígena de Moçambique, que falava português) não representa coisa alguma de útil neste mundo. Civilizá-lo, quer religiosamente, quer de outra forma qualquer, é querer-lhe dar aquilo que ele não pode ter. O legítimo é obrigá-lo, visto que não é gente, a servir aos fins da civilização. Escravizá-lo é que é lógico. O degenerado conceito igualitário, com que o cristianismo envenenou os nossos conceitos sociais, prejudicou, porém, esta lógica atitude”

Pessoa continua, em texto de 1917:

“A escravidão é lei da vida, e não há outra lei, porque esta tem que cumprir-se, sem revolta possível. Uns nascem escravos, e a outros a escravidão é dada. O amor covarde que todos temos à liberdade é o verdadeiro sinal do peso de nossa escravidão”.

Quase dez anos depois, ele se mantinha firme nessas convicções racistas:

“Ninguém ainda provou que a abolição da escravatura fosse um bem social”. E ainda: “Quem nos diz que a escravatura não seja uma lei natural da vida das sociedades sãs”?