Dizer que
é difícil ser homem preto pode ser clichê para o público alvo
desse texto. Só que talvez não tenha público alvo por justamente
uma das dificuldades de ser homem preto é a solidão que os
acadêmicos chamam de solidão epistemológica.
Ideias e
planos que passam sem legitimidade nos contextos nos quais tentamos
nos inserir e consequente garganta doída por gritar em vão. Bem, se
agarrar no penúltimo degrau da pirâmide reforçando estereótipos
seculares me incomoda, e como.
Eu canso
quando fodo porque qualquer corpo cansa quando fode e meu pau, ah,
meu pau não importa muito, não sou garantia de gozos intensos e
constantes e isso não resume minha complexidade que acaba sendo não
complexa por imposição.
Qualquer
proposta de enfrentamento coletivo da comunidade preta passa por
desvencilhamentos das armadilhas impostas pelo projeto colonizador
tão bem calcado nas nossas almas, corpos e intelectos.
A cachaça
e a maconha nunca vai ser suficiente pra disfarçar minha fragilidade
diante do enfrentamento da voz dominante e a possibilidade de cura
nunca vai passar pela disputa da fala com outro homem preto.
Vai, seja
o pirocudo da vez, isso definitivamente não me importa. E nem ser o
pretenso sedutor pras pretas. Quero atos coletivos contra a
supremacia branca. Tá difícil? Atos coletivos contra a supremacia
branca poderia ter base no afeto que trocamos uns com os outros.
Afeto...
lutamos pra não ser exterminados e lutamos pra permanecer num
território que nunca foi nosso, acabou sendo e hoje não nos querem
lá. Tiros na cabeça e pirocas duras nos rodeiam e nos aprisionam.
E as
pretas? Reconhecer a preta como a mãe casta e fiel só já bastou e
o choro me consome apesar de não conseguir sair muitas lágrimas pra
salgar essa carne dolorida de sentidos impostos nos hemisférios de
descontrole social.
Porra,
outra hora continuo...
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