Talvez a
grande discussão atual seja a disputa pelo monopólio da Violência.
O Estado com seu estardalhaço de tiros de borracha, bombas de gás
lacrimogêneo e cassetetes. O manifestantes com sua tática de
enfrentamento, os chamados Blacks Blocs, com suas pedras portuguesas,
coquetéis molotov e ataque a instituições representativas do
trânsito do capital e de pessoas, sendo o trânsito altamente
deficitário.
Vândalos
e baderneiros de plantão, não se entristeçam, os Black Blocs não
fazem parte da sua turma. Eles são difusos e organizados, só que
têm uma função específica: enfrentamento às forças militares do
Estado para que o eco das manifestações tenha eficácia e a
manifestação se disperse sem danos mais sérios.
Então,
pelo assistido até agora, nenhuma pessoa foi ferida pela tática
Black Bloc, apenas bancos, lojas específicas e ônibus foram
depredados. O banco é a instituição simbólica da opressão do
capital, as lojas quebradas, de alguma maneira, eram ligadas aos
esquemas fraudulentos do Estado e os ônibus, bem, os ônibus...
lembra dos 20 centavos?
Qualquer
tática contra a opressão é válida? Sei lá, o Estado é bem
equipado seja armamenticamente, seja midiaticamente. A garantia de
monopólio sobre nossos destinos é óbvia e é mais óbvio a
garantia de monopólio da violência.
As
pessoas não têm mais direito de desobedecer! É, o que você fazia
quando era pequeno e sua mãe dava umas palmadas ou o que você faz
quando não tá a fim de cumprir uma tarefa qualquer é desobedecer.
Não adianta, sabemos que você é desobediente.
Quando o
povo dá indícios de desobediência ao Estado por discordar do
tratamento recebido, olha a bagunça! E quando o povo adota uma
tática de enfrentamento, aí dana-se tudo, acessos de fúria diante
da violência sofrida não fazem parte de nosso staff enquanto nação.
Na época
da espionagem e da vigília, usar máscara é crime inafiançável, e
enquanto a grande mídia insiste em bater na tecla de a tática ser
um movimento com liderança e estatuto, presos políticos são
encarcerados com presos comuns e isso cheira a uma história já
conhecida e cinebiografada. Aí cabe a pergunta: Hoje seria 400
contra 1?
Conglomerados,
multinacionais, oligopólios e falcatruas definiram durante
muito tempo o nosso modo de viver. Os blocos negros existem
porque as ruas foram tomadas e ainda está se decidindo quem tem o
direito de ocupa-las. Agora são só as ruas que precisam ser
tomadas? Se não, os Blacks Blocs não vão dar conta!