Em trabalho instrumental, criatividade caminha lado a lado com a politização
Clovis Bate-bola, morador de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro, é integrante do coletivo Faixa de Gazah, uma reunião de artistas, ativistas e militantes do hip-hop. Em Entrevista de Emprego, seu trabalho solo, Bate-bola faz experimentações com o dub e a música eletrônica. Assim como os outros membros do selo, o músico acredita no poder de mobilização proporcionado pelo hip-hop. “O hip-hop é uma ótima ferramenta para dar voz e aperfeiçoar a militância do nosso povo diante dos debates sociais. Uma ferramenta que coloca anônimos de igual para igual com os que, de alguma forma, detêm o poder. Uma ferramenta que, ao invés de levar terror e violência, leva informação e cultura”, afirma.
Programas de edição e produção como o Reason, Recicle e Cool Edit Pro, formatam beats, grooves, efeitos e sobreposições instigantes, uma pequena parte dos ingredientes do EP que, segundo Clovis Bate-bola, é uma prévia de seu trabalho solo. “Estou me preparando para entrar em estúdio ainda neste ano e produzir o meu primeiro EP pelo selo Faixa de Gazah, com a participação de vários rappers integrantes do selo, ativistas sociais e outros músicos".
Rebeldia editada
A dinâmica do álbum pode perfeitamente ser ligada aos acontecimentos no norte da África, onde o povo luta contra as ditaduras, ou servir de inspiração para a luta por moradia nas periferias urbanas. Apesar de ser um álbum de um ativista brasileiro, Entrevista de Emprego serve como trilha sonora para as revoluções nos quatro cantos do mundo. Mas ao ser confrontado com esta afirmação, Bate-bola pondera: “não creio que a minha sonoridade esteja a altura de tamanha façanha. Creio que não passo de um pinto novinho anônimo no galinheiro de feras do dub, como Buguinha, Marcelo Yuka, entre outros. Isso sem levar em conta que a estética musical varia muito de acordo com a mutação da nossa cultura popular e dos rumos que a indústria cultural tenta imprimir sobre a sociedade de consumo. Mas, a sonoridade que tento apresentar é uma busca por um formato alternativo a música comercial e que tenha, além do cunho de debate político-social dentro da guerra de classes, a afirmação cultural da nossa identidade como povo”.
Profundidade
Para Clovis Bate-bola, a cena hip-hop militante, pelo menos a que usa a ferramenta chamada hip-hop para debater a problemática social, é uma ótima oportunidade não só para dar voz aos indivíduos mais afetados pelas desigualdades sociais, mas também para trazer para a superfície dos debates públicos um novo protagonismo. O músico acredita que as referências podem ser diferentes. “Não [temos] apenas um simples formato de rapper, vestido de roupas e tênis caros, revoltado com a situação caótica em que um suposto ‘sistema invencível’ o proporcionou. Temos um aprofundamento do debate dessa problemática, mostrando que nosso ‘inimigo’ vai muito além do que um sistema comandado por um ‘barão’ e seus capangas. É uma guerra de classes que tem seu ápice de discussão no momento eleitoral”, completa.
EP Entrevista de Emprego
Autor: Clovis Bate-bola
AVALIAÇÃO CHH: Bom
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quarta-feira, 29 de junho de 2011
Novos Samples: Clovis Bate-bola, do selo Faixa de Gazah
terça-feira, 28 de junho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
domingo, 19 de junho de 2011
sábado, 18 de junho de 2011
Podcast N° 10
Podcast 10 by Emece on Mixcloud
Bloco 1
Rage Against The Machine - Bull On Parade
Terceira Safra - Gladiadores part Rashid
DonCesão - Cego, Surdo e Mudo part Elo da Corrente
Bloco 2
Elza Soares - A Carne
Dead Prez - Walk a Like Warrior
Vibrações - Quilombagem
Bloco 3
Valete - Nada a Declarar
Vicki Anderson - Super Good
Subsolo - Preso a Liberdade
Bloco 4
Afronto - Documentário
Antizona - Atentado
Da Cicle - Revolution
Homem Derrotado
Eles querem ser notados
Redes Sociais, Contratos
Alimentações, Respaldos
para exatamente chegar a algum lugar
Chegou? Está bem?
Eu estou lesado
por esforços desregrados
e o final um abandono laico
Coitado?
Coitado é o caralho...
Hum, a garrafa de vinho acabou
ficamos bêbados
você entornou
as notas, as provas
o resto deletou
Insignia de pessoa talentosa
Pode dizer
sua medrosa
Estou acostumado
a ser o ato falho
de mulheres curiosas
Quebrarei as costelas
Usarei o aspirador
Não queremos que surja nada
nem se volte nada
Redações de momentos bruscamente interrompidos
Apenas por causa de bobagens sem tamanho
To puto
mas quem se importa?
Notados, redes sociais, respaldos
Tenhamos
Pena que hoje
Mijaram na minha cabeça...
quinta-feira, 16 de junho de 2011
segunda-feira, 13 de junho de 2011
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Coluna do Velho Deitado
"Garotinho defende bombeiro, diz que não segura na Mangueira, leva tiro de festim ou Bala de Escopeta, Ele que acobertou Lins, será que leva de chá de bu....." Garotinho e as últimas aparições no notíciário político.
"O professor de Cabo Frio ri, mas não dorme feliz. A secretária nem se preocupa, hoje dorme em Paris." sobre a viagem da Secretária de Educação de Cabo Frio a Paris noticiada pelo Totonho.
"Em Cabo Frio, quem vive da cultura não faz arte. Quem faz Arte não tá na TV. Cuidado que nessa guerra de ego pode estar você." sobre a guerra fria de egos entre grupos de artístas cabofrienses.
"Eles vendem ONG, o povo negro chora, Eles advogam, o homem branco adora" sobre a atuação de capitães do mato contra a luta pela igualdade racial
"Merda falada é merda fedida" sobre a inteligente fala infeliz do deputado Brizola Neto acerca da ação dos Bombeiros cariocas.
"Eles fazem arte, se dão premiação, só esqueceram do público, para legitimar a moção" sobre a moda de artistas se auto premiarem como forma de fortalecer lobby.
"A curiosidade matou o gato e de sobra levou o rato!" sobre a espionagem diária à blogs locais por parte de vereadores envolvidos em corrupção
"Falar mal de crente é fácil demais, quero ver falar de quem te carca por trás" sobre a intolerância contra evangélicos por parte de intelectuais acadêmicos.
"Quem fala demais dá bom dia a cavalo!" sobre as constantes denúncias sem provas por parte de alguns blogueiros fogueteiros
quinta-feira, 9 de junho de 2011
sábado, 4 de junho de 2011
Caricatura, eu?
Tem dias que apenas gostaria ficar na minha, sem perceber ou sentir o que acontece ao seu redor, porém percebi que é uma missão inglória rsrs. Ainda mais quando é tocado a questão das relações étnico-raciais em nosso querido País racista.
Assistindo uma fala sobre o tema etnia em uma mesa redonda no qual fiz parte, que aliás foi uma ótima iniciativa do Colégio Municipal Rui Barbosa, um vídeo de uma criança branca se pintado de barro, dizendo que queria ficar negro. Alguns risos e percepções carinhosas diante do ato do menininho veio à tona todo um processo de discussão da caricaturização no negro dentro do espaços de legitimação de identidade.
Lembro do filme de Spike Lee chamado “Bamboozled – Hora do Show” onde se é discutido o papel do negro na TV estadunidense a partir de um programa em que os negros se pintavam de carvão em uma imagem caricata para provocação do riso e escárnio em pleno século XXI, sendo que essa prática era comum no showbizz americano na década de 30 e 40 em que os pretos e brancos se pintavam de carvão para atuações.
O que talvez o filme venha mostrar é quanto o imaginário racista transforma o oprimido em algo espetaculoso, digno de imitação, mas uma imitação que beira o ridículo, justamente para afirmarção dos lugares sociais hierarquizados.
Características como beiços grandes, cor da pele, quadris largos e habilidade corporal são supertismadas, caracterizando uma verdadeira metonímia, a parte pelo todo. As características sobrepondo o que poderia ser um ser humano pleno, logo indignido do crédito devido.
Quando assisti o vídeo do garoto querendo ser negro usando barro e com uma simples ducha ele poderia deixar de ser negro, me veio a mente os relatos de pessoas usando água sanitária para tentar embranquecer. A negritude associada como sujeira em que o branco se apropria, usa a sua revelia e quando enjoa, simplesmente toma um banho.
E o negro que faz uma esforço para tentar embraquecer sua pele usando produtos químicos de limpeza? O máximo que ele vai conseguir é ter sua pele avariada, pois o negro que deseja virar branco, o destino é ser ferido, maculado, extirpado e condicionado a aceitar que sua cor realmente é tão suja que nenhum processo adianta e isso será seu eterno calvário.
Reflexões feitas, a noite transito pelo Portinho Boêmio e soube que uma banda de reggae iria tocar. Curiosidade a parte, pela som em si, espero o espetáculo acontecer e ein que me deparo com o vocalista branco pintado de preto e cantando Bob Marley. He, caricaturização, apropriação, depreciação... As reações naturalizadas das pessoas me espantava, pois estava na sua frente um ato explícito de racismo. Explícito.
Talvez embriagados por bebidas, psicótropicos ou até mesmo pelo som da banda, talvez isso tenha passado batido, mas como eu sou uma pessoa chata, pelo para mim gerou um incômodo tremendo e pude perceber nitidamente como as pseudo-elites cabofrienses enxergam o negro e cultura negra em si.
Exagerado eu? Não quero ser caricatura, não quero ser caricatura e não tomarei um banho para apagar minha negritude!!
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Jiddu - um reflexo da cultura de nosso povo
Uma certa feita, o escritor Carlos Alberto (fundador da Tribal e da ArtPop) me falou sobre um tal artista enquanto comungávamos sobre a relação da Trindade na formação da cultura dos povos. Carlos, emocionado, dizia que precisava me apresentar um artista de Cabo Frio.
Eu, querendo entender qual era o motivo de tanta empolgação por parte de Carlos Alberto em apresentar tal artista, questionava o seguimento artístico do qual este se expressava. Carlos Alberto, mesmo sendo um exímio operador das letras, não conseguia (ou evitava) conceituar Jiddu em poucas palavras. Talvez por se tratar de um artista nascido com múltiplos talentos.
Acabei conhecendo o Jiddu por acaso, em uma palestra sobre Cineclubismo e hoje entendi porque Carlos Alberto não conseguia (ou evitava) conceituar este curitibano em poucas palavras. Jiddu é um reflexo da cultura de um povo. Pensando de maneira poética, este artista humilde mostra o momento em que a nossa cultura popular mostra para ela mesma como é bela e única.
Veja o vídeo abaixo e entenda porque uma postagem tão afirmativa com relação ao reconhecimento do trabalho de Jiddu Saldanha.
O sol Deus dá a todos, mas talento é só para alguns.
Parabéns Jiddu.
Fonte: Bloco do Clovis