Por Fábio Emecê
Estamos em época de provocações diante de nossa postura. Assumir-se preto, militante e como alguém proposto a reivindicar a tão utópica consciência cidadã é problema e precisa ser resolvido para não causar anomalia.
Poxa, nem podemos
adotar uma consciência artística transgressora, justamente o
contraponto ao erudito, desde sempre excludente e “depurado”.
Questionar terminologias como “capitalismo”, “megaeventos”,
“democracia racial” e “brasilidade” é quase uma afronta
diante da tão aclamada ocupação dos espaços.
Ângulos e cores se
tornam poéticos para sustentar a tese de que as coisas estão
mudando, mesmo que se apele para os estereótipos de sexualidade
exacerbada e corporalidade caricatural.
Ah, e não vale a pena
ter um momento para nos posicionarmos diante da conjuntura histórica
de luta e tentativa de afirmação enquanto ser histórico.
Não vale a pena ter um
momento em devemos nos lembrar que já exibiram cabeças com o pênis
costurado dentro boca em praças públicas, justamente para servir de
exemplo que não devemos insurgir contra a ordem estabelecida.
Os corpos periféricos
nos chãos repetem esse parte da história, mas o audiovisual
superficializa o resto e nos diz que a opressão e a alienação de
espaço é uma mera questão semântica.
Queremos exercer nossas
capacidades e não somos capazes porque reivindicamos e temos
mecanismos para que nossas capacidades sejam exercidas.
Estamos comprando
ideias, os manuais de comportamento vendem que nem água e parece que
tem um capítulo específico que diz: “Esqueça a história,
esqueça a sua origem, siga o modelo”. Talvez tenha outro capítulo
que diz o seguinte: “Seja contra a sua natureza, seja hostil com o
seus e se autodestrua.”
Tá valendo ser o que
hoje? Não sei, só não tá valendo ser omisso e ser preto é uma
opção que me faz vivo e ativo. Viva Zumbi!!
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