terça-feira, 20 de novembro de 2012

Os pret@s




Por Fábio Emecê

Estamos em época de provocações diante de nossa postura. Assumir-se preto, militante e como alguém proposto a reivindicar a tão utópica consciência cidadã é problema e precisa ser resolvido para não causar anomalia.
Poxa, nem podemos adotar uma consciência artística transgressora, justamente o contraponto ao erudito, desde sempre excludente e “depurado”. Questionar terminologias como “capitalismo”, “megaeventos”, “democracia racial” e “brasilidade” é quase uma afronta diante da tão aclamada ocupação dos espaços.
Ângulos e cores se tornam poéticos para sustentar a tese de que as coisas estão mudando, mesmo que se apele para os estereótipos de sexualidade exacerbada e corporalidade caricatural.
Ah, e não vale a pena ter um momento para nos posicionarmos diante da conjuntura histórica de luta e tentativa de afirmação enquanto ser histórico.
Não vale a pena ter um momento em devemos nos lembrar que já exibiram cabeças com o pênis costurado dentro boca em praças públicas, justamente para servir de exemplo que não devemos insurgir contra a ordem estabelecida.
Os corpos periféricos nos chãos repetem esse parte da história, mas o audiovisual superficializa o resto e nos diz que a opressão e a alienação de espaço é uma mera questão semântica.
Queremos exercer nossas capacidades e não somos capazes porque reivindicamos e temos mecanismos para que nossas capacidades sejam exercidas.
Estamos comprando ideias, os manuais de comportamento vendem que nem água e parece que tem um capítulo específico que diz: “Esqueça a história, esqueça a sua origem, siga o modelo”. Talvez tenha outro capítulo que diz o seguinte: “Seja contra a sua natureza, seja hostil com o seus e se autodestrua.”
Tá valendo ser o que hoje? Não sei, só não tá valendo ser omisso e ser preto é uma opção que me faz vivo e ativo. Viva Zumbi!!

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