Olho um militante
secular na sacada de um prédio, assistindo o show do Milton
Nascimento com um copo de vinho na mão. Toda uma orquestração
elitista para celebrar o uso do dinheiro público em benefício
privado e o militante secular na sacada do apartamento que não é o
dele, assistindo a apresentação tranquilamente com o seu olhar
distanciado para com o povo.
Uma interpretação leviana da minha parte, talvez. Só que estamos diante dum momento chave de perceber as associações, acordos e negociações em busca de benesses e seus graus hierarquicos que são socialmente definidos. Tudo em busca de privilégios.
Privilégios numa cidade de recursos partilhados por um gestor maior travestido de Prefeitura Municipal, gerido por grupos tradicionais em que os vultuosos recursos são distribuidos dentro de esquemas que passam por licitações, contratos, portarias, empregos temporários e cargos de carreira.
Nada de novo com essa informação, nem o que vou relatar agora, que são as relações entre os grupos, gerando classificações e os recursos, distribuídos e entregues de acordo com o grau de importância já pré-definido.
Ser ligado a um grupo político consolidado, ser de família tradicional, tem um coeficiente eleitoral de encher os olhos podem ser encarados como pré-requisitos fundamentais para que essas relações tenham envergadura.
Envergadura que se traduz em partilhas maiores dos recursos e domínio maior sobre seus e de vários passos dos ditos cidadãos. E aí que mora o grande caso, o problema. Os cidadãos com os passos controlados ou aqueles que querem chamar a atenção do grupo acima citado.
Aí vale tudo e o vale tudo se torna nocivo socialmente falando, pois detona as bases relacionais que definem as bases comunitários de grupos historicamente resistentes. Para chamar atenção do grupo que detem a partilha vultuosa, se detona o fio condutor que mantem os grupos unidos e fundamentados diante de adversidades e das reinvicações.
Exemplo básico de grupos: Movimentos sociais, associações de moradores, partidos políticos, sindicatos. E o que acontece? Descrédito, cabide de influências, negociações de cargos, favorecimento pessoal. Tudo isso para se chegar e ter o que negociar com o grupo hegêmonico, com a elite.
As relações comunais são deterioradas em busca de chegar ao que chamo, de um espaço no camarote. O discurso de defesa do interesse coletivo se torna muleta social. Tudo para pegar um elevador ou subir uma escada e olhar para baixo com um certo desdém.
A relação com o outro se torna suspeita, se torna estratégica, ao menor vacilo te destituo, te jogo para escanteio. Não conte comigo para se alimentar, para se proteger do frio, para lutar junto para termos direitos. O que eu quero é ser enxergado pelo grupo que detem a maior parte, quero ser elite!
Mas nunca será, pois o máximo que consegue é a sacada e o copo de vinho e a sensação de ser usado para legitimar uma força representativa. “Nunca serão como nós, mas sempre tentarão.” A que custo? A que empenho?
Assistir o militante secular no auge de sua arrogância se achando o supra-sumo de um grupo de pessoas que digladiam todo dia para apenas se afirmar me fez pensar na seguinte pergunta: Vale a pena se entregar para tentar ser elite ou vale a pena lutar para derrubar essa elite?
Empolgadamente escolho a luta para derrubar a elite e sei que não conseguirei isso sozinho, mas sei que aqueles se entregaram fizeram muitos que poderiam lutar comigo desacreditarem. Continuemos!!
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