sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Claustrofóbikstape 17



Lista de Sons

1 - Nadinho da Ilha - Carne no Jantar
2 - Mos Def - Workes Comp.
3 - Monkey Jhayam - Neguim
4 - Sizla Kalongi - System Crash
5 - The Echocentrics feat Tita Lima - We need a resolution
6 - Mundo Livre S.A - Se eu tivesse fé - Fucking Shit
7 - Dabliueme - Feeling Marginal
8 - Dona Jandira - Boletim de Artista
9 - Antiéticos - Fotografia Só
10 - B. Lewis - Bare Necessities

Baixa aqui ó: Download

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Reflexos Masculinos - Parte III


Tentativa esdrúxula de colocar ordem dentro de um cubículo. Sensação claustrofóbica é redundância. Fios de contato vão escapando por entre os dedos. Você não diz nada. Preserva-se. Só me oferece as trevas. Enjoou. Perdeu o encanto. Que seja. Quanto mais profundo invadimos, as fugas se tornam constantes. Bobo demais. Carente demais. Sensível demais. Droga. Devo lembrar o momento exato do tiro e você se abaixa em busca de proteção. Tá bom, sou eu que deveria ter te protegido. Tá bom, não quer mais aparecer. Porra, esse jogo para tentar saber até onde posso ir, está me enjoando. Por que provoca? E por que tenho que ter sempre uma postura que está tudo safo? Minha mente anda pulverizada diante de tantas incertezas que você apresenta. Acredita mesmo que eu seja capaz de suportar esse tipo de relação sem ter nenhuma sequela? Acredita? Ah, fique com os caras prendados, que te enxergam como docinho, com a princesinha pura e imaculada. Tô cansado e já meio puto de tolerar atrasos. Não a sorrisos falseados, nem lamentos programados. Querem chegar a algum lugar né. Eu não. Eu tô puto demais para querer ir a algum lugar. Nem sonhar eu quero. Para de projetar nossa vida em conjunto, pois nem um vinho você tem a capacidade tomar comigo. Tô puto, muito puto. Quer se preservar? Então se preserve. A culpa é minha mesmo. Sempre gasto energias por pessoas que valem a pena...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Claustrofóbikstape 16


Lista de Sons

1 - Joey Badass feat. Capital Steez - Survival Tactics
2 - Afroelectro - Cala Boca Menino
3 - Curumim - Selvage
4 - Deborah Bond - Say It (Nicolay Remix)
5 - Diébanus - Tô na viagem
6 - Di Melo - A Vida em seus Métodos Diz Calma
7 - Femi Kuti - Survival
8 - Frank Ocean - Thinkin Bout You
9 - Jorge Ben - Que Maravilha
10 - B. Negão - Enxugando o Gelo

Baixae: Download

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Reflexos Masculinos Parte II


Oh capacidade desgraçada de bularmos algumas regras comportamentais, pensando que estamos sendo espertos. Que capacidade temos em convencer a mulher a mostrar os seios e depois pensar que vai transar com ela incessantemente. Oh droga, acordei de pau duro. Putz, mal humor dos infernos e a agonia não passa. Tô meio puto de fazer as coisas a minha revelia. Não querem que eu resolva mais nada. Tá certo. Vou me atrasar também nessa porra. Essas pessoas mal desenvolvidas sempre com alguma coisa a fazer. Espero o ônibus. Quando chego no ponto todos saem. Eu entro no ônibus e espero ele andar. Não ta vendo que o carro tá quebrado? Tá. Você é idiota ou o que? Saio do ônibus sem vontade nenhuma de xingar o amigo. Tô um pouco cansado e ainda preciso de fôlego para as próximas investidas. Vou a pé. Não pro trabalho. Vou a praia molhar meus documentos e depois mijar em praça pública para ser preso e ser jogado numa cela comum superlotada. Tenho formação superior e não está importando agora. Já sei, vou tentar resolver minha agonia. Dar porrada nos folgados, assumir meu espírito safado, lançar o disco do ano e ganhar o prêmio Jabuti. Tô na praia, o telefone toca, não atendo e percebo que não sou escritor, cantor ou algo parecido. Tenho horror a barulho e minha alma sedutora é puro engodo de horas e horas assistindo putaria na internet. Enjoo da praia. Vou tomar um suco, comer um salgado e revigorar as energias. Pelo caminho talvez alguém me abrace, não ouça nenhum grito e veja várias e várias mulheres gostosas para me deixar previamente excitado.
O disco retorna ao ponto de partida e eis que acordo do estado catártico em que todas minhas angústias foram esporradas no momento do gemido da pretinha. Deixo a pretinha de lado e vou ao banheiro lavar o rosto. Consegui o que queria?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Libertário?



A proposta libertária é? Podemos ter tantas respostas e talvez nenhuma satisfaça o que a pergunta exige. E exigências a parte, onde poderemos chegar se não compreendermos as perguntas e ainda mais, se não nos esforçarmos para praticar a resposta?
Num universo de apropriações de significados, posso dizer que sou mil e uma coisas, faço mil e uma atividades e provoco mil e uma sensações. Aaaaaaaaaaaaaaaaah, eu seria o fodão, o sabe tudo, o provocador de tudo. Mas não sou e nenhuma pessoa é, certo?
Talvez o grande incomodo seja entender que nem todo significado acompanha o relato dito e sabemos que novos significados podem trazer descarte e envelhecimento de propostas. Seria aquele dilema de amor x sexo. Afinal fazemos amor ou sexo? Ou os dois? E por que confudimos isso? É somente porque são termos de associação semelhante?
Aí volto a pergunta inicial: a proposta libertária é? Não ter preocupação com nada e nem com ninguém? Se divertir até se cansar? Esquecer dos problemas e atribulações? Ter atitudes explosivas e destruídoras? Se revoltar e questionar seus direitos? Amar até não poder mais? Transar até não poder mais?
O grande dilema libertário é compreender a realidade objetiva e intervir a ponto que essa liberdade seja apreensível e suficiente capazes para suprir seus anseios, colocações e abstrações. E aí que mora o perigo, pois dentro das estrururas, normas e padrões do capital suprir anseios, colocações e abstrações são possíveis sim, mediante a uma soma vultuosa de dinheiro a algum especialista.
Temos valores e valores são agregados diante da demanda. Precisam de termos para definir o óbvio, disfarçar o óbvio, enfeitar o óbvio e fazemos o óbvio achando que estamos fazendo grande coisa.
Debord dizia que no espetáculo o mentiroso mente para si mesmo, e o verdadeiro é um momento falso. O que consideramos legítimo obedece a regras que não fomos nós quem fazemos. Até porque estamos na guerra de classes e na guerra existe a norma e existe o outro.
E no final pedimos desculpas pro opressor por ele ter atirado no meio da nossa testa. É assim mesmo?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

As Ruas nos Chamam




O Estado Brasileiro não cabe em si de tanta barbárie, crueldade e violação de direitos. Foi assim construído sob a marca do escravismo, do racismo, do colonialismo e assim vai se embalando pelo apelo de suas entranhas, alimentado pelo neocolonialismo.


O Estado Brasileiro tem suas instituições de sequestro, como a polícia que, a serviço direto do sistema de justiça criminal, está apta a controlar uma classe (subalterna) a serviço de outra classe (abastada), conhecida como burguesia e que no Brasil tem seu pertencimento racial dominante. Tem uma atuação seletiva, marcando os negros como indivíduos de sua sanha punitiva. Somos os únicos marcados pelo neocolonialismo tacanho que nos dirige. Somos o único país com duas policias, uma militar com todo ranço dos tempos de chumbo que age contra nós como se inimigos fôssemos, Outra civil com seu repertório de tortura e espancamento, burocracia e ameaça como método de investigação.

Sim, existe uma luta de classes no interior do Estado Brasileiro e essa luta de classes é determinada pelo pertencimento racial, posto que o motor do sistema capitalista nacional é a apropriação de um segmento racial de todos os meios de produção, do monopólio da economia, da informação e da segurança em detrimento de negros e indígenas que vivem subordinados a uma violenta opressão racial e de classes. A politica de segurança pública não pode ser escamoteada pela novidade sociológica da promoção da igualdade e das bases comunitárias (unidades de pacificação).

Existe uma tragédia cotidiana que em ano eleitoral parece ser escondida nas salas ventiladas dos partidos. É o genocídio ao qual estamos submetidos, no campo e na cidade. As formas de eliminação das mais toscas as mais sofisticadas vão nos ceifando como num episódio de um romance de pós-guerra. O holocausto está aqui e baseia-se no sistema de justiça criminal que, quando não age diretamente com seus funcionários legais, omite-se onde deveria promover a justiça e os direitos para todas e todos. 

Os números já são eloquentes demais. Mesmo subnotificados eles nos anunciam o grande massacre de negros e negras dentro de um Estado Democrático de Direito. Dada sua magnitude, assustam até quem só tratava do tema para alguma distinção social ou enquanto discurso solto em seminários. 

Frente a este quadro perplexo e neste turbilhão, aqui se convoca a tomada das ruas, quer seja pelas barricadas, quer seja pela negociação direta de um outro modelo de segurança para que não amanheça em chamas a cidade.

Pois o que vemos é a flagrante capitulação das autoridades e representantes legítimos ou fabricados da população negra de mãos dadas ao inimigo que nos elimina enquanto povo, a juventude em sua fase mais produtiva, as crianças em toda sua expectativa e os idosos em sua sabedoria e experiência.

O Lixo acumulado em nossas comunidades, o precário atendimento de saúde em nossas localidades, escolas forjadas para um aprendizado precário com consequências drásticas para o futuro de jovens estudantes, em sua maioria negros. O Pacto Pela Vida, Programa de Segurança Pública apresentado pelo Governo da Bahia em 2011, num hotel de luxo, com um coquetel fino para os participantes não mudou nada em sua proposta de militarizar as comunidades negras com a promessa de garantir os serviços básicos naquele território.

Circule pelo Nordeste de Amaralina, Calabar, Fazenda Coutos e verá que os Status Quo antes de miséria e violência se perpetua com uma polícia que oprime, humilha e criminaliza comunidades inteiras com a anuência de políticos negros que se calam sobre o tema e vão levando suas candidaturas como sempre foram: barganhas e festas.

As mortes recentes em Saramandaia, Itinga , Portão , Sussuarana às quais tem policiais militares envolvidos, assim como temos denunciado há quase um década através da Campanha Reaja, nos dão combustível para nos agregarmos em torno de uma Campanha Nacional por Desmilitarização. Este quadro nos faz exigir do governo uma resposta que não seja mais violação ao principio da dignidade humana, como quando expõe fotos de suspeitos em um baralho fazendo da segurança um jogo com nossas vidas. Ou a triste memória dos 20 contêineres que serviram para confinar prisioneiros provisórios numa relação direta com os navios negreiros - lembremos que contêiner é para guardar mercadoria: como ainda se percebe, os negros ainda o são, nessa sociedade doentia.

Só resta à Reaja tomar as ruas e convocar os aliados para além dos gabinetes e dos grupos de estudos, para além dos militantes divididos entre partidos e tendências partidárias, convocamos os bairros, as ruas, as famílias atingidas e todos que se saturaram da ilusão a cada dois anos de que resolveremos nossas dores e tragédias, que encontraremos as respostas para a sociedade nessas urnas já corrompidas pelo racismo e o poder econômico dos “eternos detentores do poder”.

Marche conosco no Agosto Negro contra a Institucionalização do Genocídio, política de segurança no Estado da Bahia e no Território Nacional.


Hamilton Borges dos Santos (Walê)

Militante do Movimento Negro
Campanha Reaja
Quilombo Xis- Ação Cultural Comunitária.