terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Open Arms, Closed Doors (Braços Abertos, Portas Fechadas)

* Documentário Explicitando através de olhar de um Angolano radicado no Brasil, a situação da sociedade brasileira: Racista e Violenta


O racismo no Brasil pelo olhar de quem veio de fora, por Fernanda Polacow e Juliana Borges*

Discutir o racismo na sociedade brasileira sempre é um assunto controverso. Para início de conversa, uma parcela significativa da nossa população insiste em dizer que este é um problema que não enfrentamos. Somos miscigenados, multirraciais, coloridos. Como um país assim pode ser racista?
Foi essa a pergunta que o angolano Badharó, protagonista do documentário “Open Arms, Closed Doors” (Braços Abertos, Portas Fechadas), que dirigimos para a rede de TV Al Jazeera e que será veiculado a partir de hoje em 130 países, se fez quando chegou ao Brasil em 1997 esperando encontrar o Rio de Janeiro que ele via nas novelas.
Badharó é um dos milhares de angolanos que vieram viver no Brasil. Depois de fugir da guerra civil no seu país de origem, escolheu aqui como novo lar – um país sem conflitos, alegre, aberto aos imigrantes e cuja barreira da língua já estava ultrapassada à partida. Foi parar no Complexo da Maré, onde está localizada a maior concentração de angolanos do Rio de Janeiro.
Para quem defende que o Brasil não é um país racista, vale ouvir o que ele, um imigrante negro, tem a dizer sobre a nossa sociedade. Badharó não nasceu aqui, não carrega nossos estigmas, não foi acostumado a viver num lugar em que muitos brancos escondem a bolsa na rua quando passam ao lado de um negro. Depois de 15 anos vivendo numa comunidade carioca, ele tem conhecimento de causa suficiente para afirmar: “O Brasil é um dos países mais racistas do mundo, mas o racismo é velado”. O documentário segue a rotina deste rapper de 35 anos e mostra o dia a dia de quem sofre na pele uma cascata de preconceitos, por ser pobre, negro e imigrante.
Além de levantar o tema do nosso racismo disfarçado, o documentário propõe, também, uma outra discussão: agora que estamos nos tornando um país alvo de imigrantes, será que estamos recebendo bem esses novos moradores?
Com a ascensão do Brasil como potência econômica e o declínio da Europa, principal destino de imigração dos africanos, nos tornamos um foco para quem não apenas procura uma situação melhor de vida, mas para quem procura uma melhor educação ou mesmo um bom posto de trabalho. São muitos os estudantes africanos de língua portuguesa que desembarcam no Brasil. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Angola foi o quarto país do mundo que mais solicitou visto de estudantes no Brasil em 2012. Com esta nova safra de imigrantes, basta saber como vamos nos comportar.
Europeus e norte-americanos encontram nossas portas escancaradas e nossos melhores sorrisos quando aportam por aqui, mesmo que estejam vindo de países falidos e em situação irregular. No entanto, um estudante angolano com visto e com dinheiro no bolso, continua sofrendo preconceito. Foi este o caso da estudante Zulmira Cardoso, baleada e morta no Bairro do Brás, em São Paulo, no ano passado. Vítima de um ato racista, a estudante virou o mote de uma musica que Badharó compôs para que o crime não fique impune. Isto porque tanto as autoridades brasileiras quanto as angolanas não deram sequência nas apurações e o crime segue impune.
A tentativa de abafar qualquer problema de relacionamento entre as duas nações pode afetar as interessantes parceiras comercias que existem entre os dois governos. Para todos os efeitos, continuamos sendo ótimos anfitriões e estamos de braços abertos para quem quer aqui entrar.

Roosevelt Improvisada (As Minas Rimando)





4 MC's rimam na Praça Rosevelt, SP. MC's: Lívia Cruz, Taty BellaDona, BrisaFlow e Karol de Souza 
Beat: Duck Jay

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Aláfia




Batuque de umbigada, ensaio de escola de samba, jongo e baile Black podem ser as primeiras referências da memória. Uma banda de gente revivendo nos corpos que dançam, cantam e tocam, as muitas histórias do espírito da Terra. 
Na especificidade, no entanto, Aláfia cria uma performance que perpassa a inteligência do canto e da harmonia, do lirismo poético e exemplar concepção de arranjos de base influenciados pela música preta de todo o planeta - já que a antiga relação África Brasil, tendo como contraponto os EUA, é constantemente revisitada dentro de um tempo onde não mais os carros de bois e negreiros nos movimentam e sim a banda larga. 
A exemplo dos cultos ancestrais de tradição oral, em que o fundamental é o repasse do conhecimento mítico, Aláfia vem desenvolvendo linguagem absolutamente particular utilizando-se não apenas das conhecidas e pertinentes estruturas musicais de todos os tempos, mas também inserindo novas e por vezes inusitadas pitadas de diversas expressões artísticas. 
Considera-se fator fundamental para o ineditismo que se instaura em cada apresentação da banda, essa aliança entre os contextuais elementos da música tradicional e a “musica contemporânea”, buscando convivência plena entre o novo e o antigo bem como alternâncias entre a rítmica das palavras e o próprio canto, um importante elemento de percussão melódica. 
Composta por baixo elétrico, bateria, percussão, metais, guitarra, violões e voz, Aláfia busca a atenta, espontânea e progressiva ocupação de uma sonoridade que identifique-se como atemporal. O revezamento entre batidas silenciosas e grooves efusivos, spokenword e arranjos elaborados constantemente ao longo dos ensaios e shows faz com que a banda crie-se e renove-se a cada canção. 
Em fase de pré-produção de seu primeiro disco que será gravado ao vivo, Aláfia pretende manter a idéia principal do processo de criação: a junção do hip-hop, com música tradicional , a imagem e a presença do MC, os vocais à frente e constante inspiração no jazz. O batuque acaba nunca. 

Texto: Serena Assumpção

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Fábio Emecê - Retrato Falado


21 de janeiro de 2013 – Itapetininga/SP. O Estúdio FyaBomb Records fervendo. Dabliueme, Fábio Emecê e Clovis BateBola trocando ideia, algumas audições de instrumentais e eis que Fábio Emecê começa a rabiscar algo e surge a “Retrato Falado.”
“Retrato Falado” fala sobre pessoas que querem destaque de qualquer maneira e usam todo qualquer tipo de artifício, mas nunca se importando com a força do cotidiano, tão definidora da nossa persona e ação. Sendo assim, não passam de retratos falados diante do contexto da realidade objetiva e desafios práticos.
Cadê seu retrato falado? Alguém te desenhou hoje? Lembrou de você? Enfim, tolo somos nós que não servimos para ensinar...