quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Aláfia




Batuque de umbigada, ensaio de escola de samba, jongo e baile Black podem ser as primeiras referências da memória. Uma banda de gente revivendo nos corpos que dançam, cantam e tocam, as muitas histórias do espírito da Terra. 
Na especificidade, no entanto, Aláfia cria uma performance que perpassa a inteligência do canto e da harmonia, do lirismo poético e exemplar concepção de arranjos de base influenciados pela música preta de todo o planeta - já que a antiga relação África Brasil, tendo como contraponto os EUA, é constantemente revisitada dentro de um tempo onde não mais os carros de bois e negreiros nos movimentam e sim a banda larga. 
A exemplo dos cultos ancestrais de tradição oral, em que o fundamental é o repasse do conhecimento mítico, Aláfia vem desenvolvendo linguagem absolutamente particular utilizando-se não apenas das conhecidas e pertinentes estruturas musicais de todos os tempos, mas também inserindo novas e por vezes inusitadas pitadas de diversas expressões artísticas. 
Considera-se fator fundamental para o ineditismo que se instaura em cada apresentação da banda, essa aliança entre os contextuais elementos da música tradicional e a “musica contemporânea”, buscando convivência plena entre o novo e o antigo bem como alternâncias entre a rítmica das palavras e o próprio canto, um importante elemento de percussão melódica. 
Composta por baixo elétrico, bateria, percussão, metais, guitarra, violões e voz, Aláfia busca a atenta, espontânea e progressiva ocupação de uma sonoridade que identifique-se como atemporal. O revezamento entre batidas silenciosas e grooves efusivos, spokenword e arranjos elaborados constantemente ao longo dos ensaios e shows faz com que a banda crie-se e renove-se a cada canção. 
Em fase de pré-produção de seu primeiro disco que será gravado ao vivo, Aláfia pretende manter a idéia principal do processo de criação: a junção do hip-hop, com música tradicional , a imagem e a presença do MC, os vocais à frente e constante inspiração no jazz. O batuque acaba nunca. 

Texto: Serena Assumpção

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